A química industrial Ghuerda Mayr entrevista a física Nadja Simão Magalhães, professora de Física da UNIFESP, no sábado a noite, dia 31/01, às 20h00. Saiba o que é matéria escura e faça as suas perguntas para a professora Nadja, uma especialista na área.

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Leonardo S. F. dos Santos*

Duas vezes ao ano ocorre um fenômeno astronômico, o solstício. O segundo solstício do ano ocorre entre 20 e 21 de dezembro. Em 2020, o segundo solstício ocorreu em 21/12/2020. Coincidentemente, o dia 21/12/2020 foi o palco de um evento astronômico menos frequente, a aproximação entre os planetas Júpiter e Saturno no céu visto da Terra. 

Foto Júpiter Saturno

21 de dezembro de 2020 – ‘Estrela de Belém’ é vista no distrito de al-Salmi, uma área de deserto 120 km a oeste da Cidade do Kuwait — Foto: Yasser al-Zayyat /AFP. Extraído do site: Alagoas Brasil Notícias

Caso o leitor queira saber o que é solstício, clique aqui. Caso contrário, por favor, continue a leitura.

Os planetas do Sistema Solar e os deuses romanos.

A ordem dos oito planetas do Sistema Solar a partir do Sol é dada por: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Antigamente, Plutão era considerado o nono planeta. Desde 24/08/2006, a União Astronômica Internacional classifica Plutão como planeta-anão.

Os nomes dos planetas vem da mitologia romana, com exceção da própria Terra. Há todo um simbolismo mitológico associando os planetas Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno com os deuses de mesmo nome. Por exemplo, o deus Mercúrio é veloz, com asas nos pés, o planeta Mercúrio aparece e desaparece rapidamente no horizonte. De acordo com as medidas atuais, Mercúrio completa uma volta ao redor do Sol em apenas 88 dias terrestres, o menor ano do Sistema Solar. Os planetas Urano e Netuno não são visíveis sem telescópios apropriados. Embora os romanos acreditassem nos deuses Urano e Netuno, eles não podiam associá-los aos planetas que eles não viam. O planeta-anão Plutão também é invisível a olho nu, embora o nome Plutão seja o do deus romano do mundo dos mortos.

O planeta mais brilhante no céu noturno é Júpiter. Os romanos acreditavam que Júpiter era o deus governante do céu. As medidas astronômicas atuais mostram que Júpiter é o maior e mais massivo planeta do sistema solar. A massa de Júpiter é 318 vezes maior do que a da Terra. O diamêtro de Júpiter equivale a 11 diâmetros terrestres. O tempo de uma volta de Júpiter ao redor do Sol é um pouco menor do que 12 anos terrestres.

Saturno é o planeta visível mais lento do céu noturno. Os romanos atribuíam a Saturno a virtude da longevidade e da experiência, considerando-o pai do próprio Júpiter. O análogo grego do deus Saturno é Cronos, deus do tempo. O prefixo “crono” nas palavras “cronômetro” e “cronologia” vem da raíz grega “cronos”, que significa tempo. O ano de Saturno é cerca de 29 anos e meio. Isso causou uma associação entre a idade 29 anos e a maturidade. O grupo de rock Legião Urbana tem uma música chamada de "Vinte e nove" com referências ao planeta Saturno.

A estrela de Belém e a teoria de Kepler.

Na Antiguidade, o Império Romano criaram a província da Judeía em 6 a.C. (fonte: clique aqui). Os judeus esperavam a vinda de um salvador, em hebraico, Messias, em grego, Cristo. Uma antiga profecia bíblica associava a vitória dos judeus com o aparecimento de uma estrela (Números 24:17). Outra profecia indicava o nascimento do Messias na cidade de Belém (Miquéias 5:2).

Os primeiro cristãos surgiram no seio do judaísmo. Um dos primeiros livros cristãos, o Evangelho de São Mateus, associa o Cristo esperado pelos judeus com a figura de Jesus. Mateus narra que o nascimento de Jesus foi acompanhado do aparecimento de uma estrela. Alguns magos do Oriente seguiram a estrela e esta parou acima de Belém. Então os magos procuraram pelo Messias em Belém e encontraram um bebe sentado no colo de sua mãe. Os magos acreditaram que Jesus era o Cristo esperado e lhe deram presentes (Mateus 2:1-11). O astro que guiou os magos ficou conhecido como “Estrela de Belém”.

Durante séculos, os padres da Igreja procuraram pela estrela de Belém sem sucesso. Em uma época em que a Astrologia ainda era ligada a Astronomia, o astrônomo europeu Johannes Kepler (fonte: clique aqui) propôs uma teoria: a estrela de Belém não era uma estrela, mas uma conjunção entre Júpiter e Saturno. Uma conjunção é uma aproximação de dois astros no céu. A conjunção Júpiter-Saturno era a união do pai Saturno com o filho Júpiter. Embora a mitologia romana descreva um conflito entre esses dois deuses, também há uma complementaridade entre ambos. A conjunção Júpiter-Saturno era a união do antigo e do novo, a continuidade e a renovação ao mesmo tempo. Consequentemente, a conjunção Júpiter-Saturno no céu correspondia a um período de renascimento aqui no mundo terrestre. Não havia melhor simbolismo para o nascimento de Cristo do que a conjunção Júpiter-Saturno.

Embora as conjunções Júpiter-Saturno ocorram a cada 20 anos, a aproximação entre os dois astros no céu varia em cada ocasião. De acordo com o blog português “Astronomia On-line” (clique aqui), ocorreu uma grande conjunção Júpiter-Saturno em 7 a.C. Apesar da data parecer não coincidir com o nascimento de Jesus, o ano do nascimento de Cristo recalculado na modernidade é entre 4 a.C e 6 a.C.. O ano de 7 a.C. não é tão improvável.

A conjunção Júpiter-Saturno em 2020.

No dia 21/12/2020, no mesmo dia do Solstício de verão no hemisfério sul, ocorreu a conjunção de maior proximidade entre Júpiter Saturno desde 1623.

Se o nascimento de Cristo ocorreu no dia 25 de dezembro e a Estrela de Belém é a conjunção Júpiter-Saturno, então o acontecimento do dia 21/12/2020 é bastante significativo. No entanto, a data de 25/12 foi adotada tardiamente pela Igreja e parece ter sido inspirada em mitos de heróis mitológicos pré-cristãos (fonte: clique aqui).

Confira algumas fotos da conjunção Júpiter-Saturno:

Dia nublado em grande parte do Brasil.

Em grande parte do Brasil, o céu ficou nublado ou com chuva no dia 21/12/2020. Muitos brasileiros não puderam ver a conjunção Júpiter-Saturno diretamente, apenas pela internet.

Foto Júpiter Saturno Santos 2Foto Júpiter Saturno Sampa

Santos, à esquerda, São Paulo, à direita. Fonte: foto de Santos, Leonardo S. F. dos Ssntos, foto de São Paulo, Maria de Fátima Ferreira Neto.

A próxima conjunção Júpiter-Saturno com uma proximidade similar a de 2020 ocorrerá em 2080. O autor deste texto precisará atingir 104 anos para assistir ao evento.

Observações importantíssimas.

Os experimentos e as teorias da Física atual não embasam a Astrologia.

Mesmo que os evangelhos não sejam textos históricos, a existência de Jesus Cristo é histórica (fonte: clique aqui).

Texto da doutora em Bioquímica pela USP e divulgadora de ciências, Graciele Almeida de Oliveira, explica a importância da FAPESP na manutenção da pesquisa científica. O andamento da pesquisa em Física no Brasil depende muito da FAPESP. Para ler o texto, clique aqui.

 

CdF - Ciência de Fato

Texto de Graciele Almeida de Oliveira, doutora em Bioquímica pela USP e especialista em Divulgação Científica pelo LabJor - UNICAMP, alerta sobre o impacto das fake news na aferição de temperatura nas portas de estabelecimentos. Vale a pena conferir esse artigo publicado no Especial COVID-19 no Blogs de Ciências da UNICAMP!

https://www.blogs.unicamp.br/covid-19/quando-o-aumento-das-fake-news-mexe-com-a-temperatura/

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Imagem: Rawpixel.

 

 

por Leonardo Sioufi Fagundes dos Santos*

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Foto: Reprodução/Twitter/Nobel.

No dia 6 de outubro de 2020, a Academia Real de Ciências da Suécia anunciou os vencedores do Prêmio Nobel de Física: a estadunidense Andrea Ghez (1965-), o alemão Reinhard Genzel (1952-) e o inglês Roger Penrose (1931-). O prêmio foi devido à descobertas relacionadas aos buracos negros. 

Buracos negros são corpos com massa e densidade muito elevadas. O campo gravitacional gerado por um buraco negro faz com que a luz emitida pelo mesmo não consiga escapar. No entanto, o famoso físico e divulgador científico "Stephen Hawking" (1942-2018) previu que uma forma de radiação escapava do buraco negro. A chamada "radiação de Hawking" não foi detectada até hoje. Então, o buraco negro é invisível porque a radiação que ele produz retorna a ele ou não é detectada.

A grandes distâncias, o campo gravitacional do buraco negro torna-se insuficiente para aprisionar a luz, mas ainda é capaz de atrair nuvens de gás e manter estrelas em órbita. As perturbações de movimentos estrelares ou a radiação emitida por gases próximos aos buracos negros são as únicas formas de detectar esses corpos tão maciços.

Roger Penrose resolveu inúmeros problemas matemáticos relacionados à propriedades físicas dos buracos negros desde a década de 60 do século passado. Andrea Ghez e Reinhard Genzel lideraram equipes que mapearam os movimentos de estrelas próximas ao centro da Via Láctea, o que mostra a existência de um buraco negro supermaciço naquela região.

A presença de uma mulher na lista de ganhadores do Nobel de Física é histórica. A Academia Real de Ciências da Suécia só premiou 4 mulheres com o Nobel de Física em 119 anos de premiação. Apesar de já terem evoluído, as universidades ainda precisam criar condições mais justas para a ascenção das mulheres na carreira científica. .

Uma curiosidade deste prêmio é a relação com o ano de 1965. Em 1965, Penrose publicou um dos trabalhos-chave na compreensão dos buracos negros e Andrea Ghez nasceu.

*Leonardo Sioufi Fagundes dos Santos é professor de Física da UNIFESP Diadema e coordenador do Portal Píon.