Leonardo S. F. dos Santos*
Duas vezes ao ano ocorre um fenômeno astronômico, o solstício. O segundo solstício do ano ocorre entre 20 e 21 de dezembro. Em 2020, o segundo solstício ocorreu em 21/12/2020. Coincidentemente, o dia 21/12/2020 foi o palco de um evento astronômico menos frequente, a aproximação entre os planetas Júpiter e Saturno no céu visto da Terra.
21 de dezembro de 2020 – ‘Estrela de Belém’ é vista no distrito de al-Salmi, uma área de deserto 120 km a oeste da Cidade do Kuwait — Foto: Yasser al-Zayyat /AFP. Extraído do site: Alagoas Brasil Notícias
Caso o leitor queira saber o que é solstício, clique aqui. Caso contrário, por favor, continue a leitura.
Os planetas do Sistema Solar e os deuses romanos.
A ordem dos oito planetas do Sistema Solar a partir do Sol é dada por: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Antigamente, Plutão era considerado o nono planeta. Desde 24/08/2006, a União Astronômica Internacional classifica Plutão como planeta-anão.
Os nomes dos planetas vem da mitologia romana, com exceção da própria Terra. Há todo um simbolismo mitológico associando os planetas Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno com os deuses de mesmo nome. Por exemplo, o deus Mercúrio é veloz, com asas nos pés, o planeta Mercúrio aparece e desaparece rapidamente no horizonte. De acordo com as medidas atuais, Mercúrio completa uma volta ao redor do Sol em apenas 88 dias terrestres, o menor ano do Sistema Solar. Os planetas Urano e Netuno não são visíveis sem telescópios apropriados. Embora os romanos acreditassem nos deuses Urano e Netuno, eles não podiam associá-los aos planetas que eles não viam. O planeta-anão Plutão também é invisível a olho nu, embora o nome Plutão seja o do deus romano do mundo dos mortos.
O planeta mais brilhante no céu noturno é Júpiter. Os romanos acreditavam que Júpiter era o deus governante do céu. As medidas astronômicas atuais mostram que Júpiter é o maior e mais massivo planeta do sistema solar. A massa de Júpiter é 318 vezes maior do que a da Terra. O diamêtro de Júpiter equivale a 11 diâmetros terrestres. O tempo de uma volta de Júpiter ao redor do Sol é um pouco menor do que 12 anos terrestres.
Saturno é o planeta visível mais lento do céu noturno. Os romanos atribuíam a Saturno a virtude da longevidade e da experiência, considerando-o pai do próprio Júpiter. O análogo grego do deus Saturno é Cronos, deus do tempo. O prefixo “crono” nas palavras “cronômetro” e “cronologia” vem da raíz grega “cronos”, que significa tempo. O ano de Saturno é cerca de 29 anos e meio. Isso causou uma associação entre a idade 29 anos e a maturidade. O grupo de rock Legião Urbana tem uma música chamada de "Vinte e nove" com referências ao planeta Saturno.
A estrela de Belém e a teoria de Kepler.
Na Antiguidade, o Império Romano criaram a província da Judeía em 6 a.C. (fonte: clique aqui). Os judeus esperavam a vinda de um salvador, em hebraico, Messias, em grego, Cristo. Uma antiga profecia bíblica associava a vitória dos judeus com o aparecimento de uma estrela (Números 24:17). Outra profecia indicava o nascimento do Messias na cidade de Belém (Miquéias 5:2).
Os primeiro cristãos surgiram no seio do judaísmo. Um dos primeiros livros cristãos, o Evangelho de São Mateus, associa o Cristo esperado pelos judeus com a figura de Jesus. Mateus narra que o nascimento de Jesus foi acompanhado do aparecimento de uma estrela. Alguns magos do Oriente seguiram a estrela e esta parou acima de Belém. Então os magos procuraram pelo Messias em Belém e encontraram um bebe sentado no colo de sua mãe. Os magos acreditaram que Jesus era o Cristo esperado e lhe deram presentes (Mateus 2:1-11). O astro que guiou os magos ficou conhecido como “Estrela de Belém”.
Durante séculos, os padres da Igreja procuraram pela estrela de Belém sem sucesso. Em uma época em que a Astrologia ainda era ligada a Astronomia, o astrônomo europeu Johannes Kepler (fonte: clique aqui) propôs uma teoria: a estrela de Belém não era uma estrela, mas uma conjunção entre Júpiter e Saturno. Uma conjunção é uma aproximação de dois astros no céu. A conjunção Júpiter-Saturno era a união do pai Saturno com o filho Júpiter. Embora a mitologia romana descreva um conflito entre esses dois deuses, também há uma complementaridade entre ambos. A conjunção Júpiter-Saturno era a união do antigo e do novo, a continuidade e a renovação ao mesmo tempo. Consequentemente, a conjunção Júpiter-Saturno no céu correspondia a um período de renascimento aqui no mundo terrestre. Não havia melhor simbolismo para o nascimento de Cristo do que a conjunção Júpiter-Saturno.
Embora as conjunções Júpiter-Saturno ocorram a cada 20 anos, a aproximação entre os dois astros no céu varia em cada ocasião. De acordo com o blog português “Astronomia On-line” (clique aqui), ocorreu uma grande conjunção Júpiter-Saturno em 7 a.C. Apesar da data parecer não coincidir com o nascimento de Jesus, o ano do nascimento de Cristo recalculado na modernidade é entre 4 a.C e 6 a.C.. O ano de 7 a.C. não é tão improvável.
A conjunção Júpiter-Saturno em 2020.
No dia 21/12/2020, no mesmo dia do Solstício de verão no hemisfério sul, ocorreu a conjunção de maior proximidade entre Júpiter Saturno desde 1623.
Se o nascimento de Cristo ocorreu no dia 25 de dezembro e a Estrela de Belém é a conjunção Júpiter-Saturno, então o acontecimento do dia 21/12/2020 é bastante significativo. No entanto, a data de 25/12 foi adotada tardiamente pela Igreja e parece ter sido inspirada em mitos de heróis mitológicos pré-cristãos (fonte: clique aqui).
Confira algumas fotos da conjunção Júpiter-Saturno:
Dia nublado em grande parte do Brasil.
Em grande parte do Brasil, o céu ficou nublado ou com chuva no dia 21/12/2020. Muitos brasileiros não puderam ver a conjunção Júpiter-Saturno diretamente, apenas pela internet.
Santos, à esquerda, São Paulo, à direita. Fonte: foto de Santos, Leonardo S. F. dos Ssntos, foto de São Paulo, Maria de Fátima Ferreira Neto.
A próxima conjunção Júpiter-Saturno com uma proximidade similar a de 2020 ocorrerá em 2080. O autor deste texto precisará atingir 104 anos para assistir ao evento.
Observações importantíssimas.
Os experimentos e as teorias da Física atual não embasam a Astrologia.
Mesmo que os evangelhos não sejam textos históricos, a existência de Jesus Cristo é histórica (fonte: clique aqui).