Autor: Fernando Guilger*
“Navegar é preciso, viver não é preciso...” – Luiz Vaz de Camões
Hoje, ao se ver perdido em uma localidade desconhecida, o moderno cidadão do século XXI se guia pelo seu Global Position System (GPS), tecnologia desenvolvida por volta de 2009 para facilitar o a orientação das pessoas em seus deslocamentos, e hoje encontra-se acessível nos mais novos celulares. Este aplicativo usa como base o sistema de satélites que orbita o globo terrestre e é uma das inúmeras vantagens proporcionadas pela estudo dos Astros.
O interesse do ser humano pelos céus talvez seja tão antigo quanto a própria humanidade. Vemos nos mais variados mitos para explicação do Universo, alguma relação com as Estrelas. Afinal, a relativa regularidade com que o céu se mostra ao ser humano desde o principiar dos tempos, oferecia segurança, e assim poderia ser tido como um bom referencial de posição.
Na época das Grandes Navegações, tal conhecimento do céu, que vinha se sofisticando cada vez mais, permitia aos navegadores desbravarem os oceanos.
Instrumentos como o Astrolábio, cuja invenção atribui-se aos gregos por volta de 150 a. C., e aperfeiçoada pelos árabes posteriormente, permitia aos marinheiros guiar-se na imensidão solitária dos extensos mares da Terra. Durante o século XV, seu uso foi amplo. Estrelas como a Polar (Polaris, ou formalmente: alpha Ursae minoris), localizada na constelação da Ursa Menor, serviam como um guia para os viajantes localizarem o norte, especialmente na ausência de bússolas.
Além disso, a periodicidade do Zodíaco (de Zoidiakos, Ciclo de Animais), fora muito útil aos camponeses, cuja sobrevivência dependia inteiramente das suas colheitas, e portanto, do melhor momento para cultivar suas plantações. A “chegada” de Touro em algumas partes do Hemisfério Norte, por exemplo, marcava a chegada das chuvas, indicando ações para o plantio, além de auxiliarem na contagem dos anos, junto com outras regularidades, como a repetição das quatro estações, as fases da Lua, solstícios, etc. o homem foi construindo um sistema de estudos que lhe permitia tomar atitudes práticas em seu cotidiano. Cálculos foram sendo desenvolvidos e, mesmo, sistemas de explicações para o funcionamento do Universo.
A observação do céu e de suas regularidades propiciou a formulação de sofisticadas ferramentas matemáticas, e a criação de calendários de boa precisão. Esta preocupação com as estrelas pode ser vista nas diversas civilizações que elevaram seus olhos acima das nuvens, como os egípcios, chineses, gregos, mesopotâmicos, maias, astecas, incas... Esse é um pequeno exemplo dos fatores que levaram a formação do que hoje chamamos de Astronomia, apesar das diversas modificações sofridas. Assim, tal ramo de estudo representa muito mais do que simplesmente passar horas observando estrelas, visto a quantidade de utilidades deste campo, embora seja a curiosidade humana um dos maiores motrizes dessa ciência.
*Fernando Guilger é estudante do curso de Licenciatura em Física da UNIFESP, campus de Diadema, e orientado em programa de iniciação científica pela Profa. Dra. Thaís Cyrino de Mello Forato.