O IPEN (Instituto de Pesquisa Energéticas e Nucleares) é um dos maiores institutos da área nuclear no Brasil. Vinculado à Comissão Nacional de Energia Nuclear, esse instituto foi fundado em 1956. É uma instituição de excelência que desenvolve pesquisas com diversas aplicações e conta, entre suas várias instalações, com o maior reator nuclear de pesquisa do Brasil. Esse reator é um equipamento indispensável não só para pesquisa, mas também para formação de recursos humanos e produção de radioisótopos para os mais diversos fins. 

Nos últimos anos o IPEN vem sendo atingido por graves problemas, como a falta de reposição de recursos humanos e a falta de orçamento para realizar suas atividades. Mesmo com as recentes restrições devido à pandemia, com os frequentes cortes de verbas e falta de reposição de mão de obra, o Instituto manteve-se ativo, produzindo e distribuindo radiofármacos, que são essenciais aos procedimentos de medicina nuclear utilizados nos mais diversos hospitais espalhados pelo país. No último mês, no entanto, a falta de repasse de verbas para o Instituto, somada à alta dos insumos cotados em dólar, atingiu fortemente a atividade de produção de radiofármacos, que teve que ser totalmente paralisada. Isso causou enorme prejuízo para toda a área de medicina nuclear no Brasil, com um significativo impacto no diagnóstico das doenças cardiovasculares, oncológicas, renais, pulmonares, afetando os tratamentos de câncer nos hospitais que precisam desses radiofármacos.  

A falta de reposição de mão de obra, que tem atingido o Instituto de forma contundente, em curto prazo poderá inviabilizar as atividades do Instituto, que em 2009 contava com 1020 funcionários, e nos dias atuais tem menos de 600 funcionários. A falta de reposição de pessoal técnico poderá acarretar sensível prejuízo na transferência de conhecimento e atraso no desenvolvimento de um setor tão estratégico como o nuclear. 

A SBF, como entidade que representa parte da ciência brasileira, manifesta-se neste documento pela defesa do investimento e apoio às atividades do IPEN. Além disso, também reitera seu apoio ao empreendimento Reator Multipropósito Brasileiro (RMB). No que se refere à questão dos radiofármacos, o RMB dá ao Brasil a perspectiva de garantir o suprimento por muitos anos, representando a soberania nacional no setor, consolidando a liderança estratégica na América Latina, mitigando o país de eventuais crises de abastecimento por falta de oferta internacional, oscilações cambiais ou dificuldades logísticas. Além do reator propriamente dito, outras instalações  estão previstas no campus RMB, de modo que o empreendimento está sendo projetado para ser um polo de desenvolvimento do setor nuclear no Brasil.