Participar do Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física (MNPEF) aumenta o impacto social da produção acadêmica de docentes ligados a programas de pós-graduação de instituições de pesquisa e ensino em todo país. A conclusão é baseada em parte por dados levantados pelo Comitê de Coordenadores de Pós-Graduação em Física e Astronomia, apresentados durante o Seminário de Meio-Termo, promovido entre agosto e outubro pela CAPES. Durante o evento, a CAPES apresentou os critérios da Avaliação Quadrienal de 2021, dando maior ênfase à relevância e ao impacto da pós-graduação na sociedade.

No gráfico as seguir, o eixo horizontal lista os programas de pós-graduação nacionais da área de Astronomia e Física. Os pontos azuis marcam a mediana do salário em reais dos alunos egressos de cada programa. Em verde, a mediana do ganho salarial dos ex-alunos, isto é, a diferença entre o salário antes e depois de cursarem o programa. Os pontos correspondentes ao MNPEF mostram um aumento de cerca de 2 mil reais no salário dos 860 professores de educação básica já qualificados pelo programa de mestrado.

“Fiquei surpresa com o acolhimento que tivemos durante o seminário”, conta a física Iramaia de Paulo, professora da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) e coordenadora da Comissão de Pós-Graduação (CPG) do MNPEF. “Os dados indicam que consolidamos a relevância do MNPEF na perspectiva da inserção social dos programas de pós-graduação em Física, onde há docentes que também participam do MNPEF .”

A etapa final de coleta de dados para a Avaliação Quadrienal da CAPES foi um dos assuntos discutidos durante a reunião da CPG, que aconteceu entre os dias 16 e 18 de outubro, na sede nacional da SBF, em São Paulo. Outro assunto discutido foi o andamento do atual processo seletivo do MNPEF, cuja segunda fase aconteceu no fim de outubro. Este ano, 1338 candidatos se inscreveram para concorrer às 631 vagas de mestrado, oferecidas pelos 795 docentes das mais diversas áreas da Física ligados ao programa. A prova elaborada pela CPG foi aplicada simultaneamente pelas comissões locais de cada um dos 59 polos regionais em todas as regiões do país.

“Ficamos praticamente seis meses envolvidos com o processo seletivo”, diz Iramaia. “Dá trabalho, mas acredito que a credibilidade alcançada pelo MNPEF desde sua criação em 2013 é fruto de como escolhemos gerenciar o mestrado.”

Segundo a coordenadora, cada um dos dez membros da CPG fica encarregado de acompanhar de perto o desempenho de cerca de seis polos regionais. O acompanhamento envolve visitas anuais aos polos, com reuniões com toda a comunidade acadêmica envolvida, além da avaliação prévia das dissertações, antes de serem submetidas a banca, para que atendam aos critérios do mestrado nacional.

Além disso, o MNPEF estimula seus docentes participantes a irem além da orientação das dissertações de mestrado. O trabalho resulta na publicação de livros-texto de graduação e de divulgação científica, assim como a realização, pelo programa, de conferências, escolas avançadas, workshops e ações de extensão voltadas para a divulgação, junto aos estudantes do ciclo básico e do público leigo.

“A falta de professores de Física na Educação Básica, a dificuldade para atualização e capacitação, a inexistência ou precariedade de laboratórios nas escolas são preocupações históricas dos físicos brasileiros”, lembra Iramaia. “O MNPEF tem cumprido seu principal objetivo que é capacitar em nível de mestrado uma fração muito grande de professores da Educação Básica, com conteúdos de Física e de metodologias de ensino para aplicação em sala de aula, como, por exemplo, estratégias que utilizam recursos de mídia eletrônica, tecnológicos e/ou computacionais para motivação, informação, experimentação e demonstrações de diferentes fenômenos físicos.”