Além de apresentar estudos e realizar debates sobre a física de ponta em diversas áreas, evento realizado em Coimbra também tratou do Ensino de Física e da inserção da mulher na ciência.
O fortalecimento da Física nos países da língua portuguesa norteou os debates da 5ª Conferência de Física dos Países de Língua Portuguesa (CFPLP), que ocorreu em Coimbra, Portugal, entre os dias 8 a 10 de setembro. Sob o tema “A Física para um desenvolvimento inclusivo e sustentável”, as palestras abordaram assuntos como energias renováveis, Física das alterações climáticas, Física Médica, Ensino da Física, novas tecnologias quânticas e novos materiais, Física e Património Cultural, Física dos Sistemas Complexos, entre outros. Participaram do evento cientistas de Angola, Brasil, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Portugal, Estados Unidos e, pela primeira vez, Guiné Bissau.
“Foi um encontro importante para discutir mecanismos de aproximação com outros países lusófonos na área de Física. Principalmente nossos irmãos da África, que têm necessidades muito básicas. E o Brasil pode ajudar bastante, principalmente na área de Ensino de Física”, diz Rodrigo Capaz, presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF) e diretor do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).
No dia 8 de setembro, Capaz participou da Mesa Redonda “Grandes Infraestruturas Multiusuário”, tema que também foi debatido por José António Paixão, Pedro Alberto, Sérgio Domingos (Univ. de Coimbra). O físico brasileiro Rogerio Rosenfeld, professor do Instituto de Física Teórica da UNESP, apresentou no mesmo dia a palestra “Testes de modelos de energia escura no Universo”.
Rosenfeld, presidente da Comissão Científica do evento, foi o primeiro presidente da União dos Físicos de Países de Língua Portuguesa (UFPL), entidade criada no dia 15 de novembro de 2019, em uma reunião na sede da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP) em Lisboa, com a participação de cientistas de Angola, Brasil, Cabo Verde, Portugal e Santo Tomé e Príncipe. Hoje, a UFPL é presidida pela física Sónia Semedo, da Universidade de Cabo Verde. Na vice-presidência da entidade está a física Débora Peres Menezes, ex-presidente da SBF.
“A programação científica constou de palestras plenárias convidadas, mesas redondas sobre assuntos de interesse comum na nossa comunidade, contribuições orais curtas e posters de participantes. O formato híbrido, apesar de aumentar a inclusividade da participação, deverá ser reavaliado para a próxima edição, que provavelmente acontecerá em Angola, em 2026”, diz Rosenfeld.
“A percepção que ficou da conversa que tivemos com alguns participantes é que é um bom evento, onde podemos aprender com experiência dos outros países e também partilhar as nossas experiências, um espaço de partilha, um local certo para encontrar potenciais colaboradores e descobrir áreas de investigação. Na minha opinião o evento foi um sucesso, pela primeira vez tivemos a presença da Guiné Bissau. Foi um momento, para recarregar energia e criar uma nova dinâmica para a União dos Físicos”, diz Sónia Semedo.
Muitos brasileiros estiveram presentes no evento, como José Fontinel Coelho Júnior (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão – IFMA – Campus Imperatriz), que proferiu a palestra “Dispersão da Luz na Atmosfera Terrestre”; Nilson Marcos Dias Garcia (UTFPR e UFPR), que discursou sobre o tema “Preservando a memória: constituição e análise de acervo de livros didáticos brasileiros de Física”; Susana de Souza Lalic, (Univ. Federal de Sergipe), que apresentou o “Estudo do efeito fotobiomodulador do LED 630 nm em células vegetais irradiadas”.
O tema da inserção da mulher também fez parte dos debates, com palestra da brasileira Caroline Conti Floriani, (Univ. Federal de Santa Catarina), que apresentou o “Projeto Meninas na Ciência: identificar, incentivar e valorizar a participação de mulheres e meninas em carreiras científicas”; e Julia Medeiro (Univ. Federal de Santa Catarina), que debateu o tema “Alternativas para a promoção da igualdade de gênero em STEM: o sucesso do projeto Meninas na Ciência na descoberta de asteróides”. Gilberto Gonçalves Pereira (Univ. de Coimbra) fez, por sua vez, a palestra “As pioneiras: mulheres no laboratório de Física da Universidade de Coimbra (1911-1972)”.
No dia 10 de setembro, os cientistas debateram Física das Alterações Climáticas em uma Mesa Redonda moderada por Maria da Graça Medeiros da Silveira (Instituto Dom Luiz, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa), com os participantes em formato online Isabel Trigo (Instituto Português do Mar e Atmosfera e Instituto Dom Luiz), Paulo Artaxo (Instituto de Física da Univ. de São Paulo) e Rita Cardoso (Instituto Dom Luiz). Veja o programa completo do evento.
(Colaborou Roger Marzochi)