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Professor Marcello Ferreira dando aula usando um projetor.

O físico Marcello Ferreira, professor e vice-diretor do Instituto de Física da Universidade de Brasília e ex Pró-Reitor de Pós-Graduação da SBF, é o novo Editor-Chefe da Revista Brasileira de Ensino de Física (RBEF), que, nos últimos 15 de seus 45 anos, foi liderada pelo professor Silvio Salinas, do Instituto de Física da Universidade de São Paulo. Os professores Silvio Salinas (IFUSP) e Nelson Studart (Ilum/CNPEM) ocuparão a Editoria Associada Honorária da revista, a convite do Prof. Marcello Ferreira. “Ambos são cientistas reconhecidos pela comunidade científica e prestaram serviço de enorme qualidade à revista, à sua história e à sua consolidação. Mantê-los como editores honorários é importante para aconselhamentos, eventual arbitragem de pareceres controversos e para auxiliar a pensar as políticas da revista”, diz Marcello, em entrevista ao Boletim SBF.

Foto de busto do professor Marcello Ferreira, homem branco, calvo, de terno preto e gravata vermelha.
Marcello Ferreira recebe o desafio e manter a qualidade do periódico e ampliar a sua importância no Brasil e no exterior.

O professor Marcello Ferreira e a Sociedade Brasileira de Física (SBF) agradecem ao trabalho longevo, qualificado e reconhecido do professor Silvio Salinas pelo trabalho de editor-chefe da RBEF, dando à revista qualidade, credibilidade, alcance e respeitabilidade na comunidade de físicos. “É preciso agradecê-lo pela dedicação incansável, cumprimentá-lo pela transição que ele tem feito, por sua qualidade humana e científica, por seu trabalho responsável e cuidadoso, informando desde processos básicos aos mais complexos”, conta o professor Marcello Ferreira. Editores associados, referências em pesquisa na área de Física e Ensino de Física, contribuirão com a editoria, sendo brevemente anunciados e indicados na página da RBEF na internet.

Professor Sílvio Salinas, discursando em um evento. Idoso de cabelos e barba branca, usando óculos, terno cinza e gravata vermelha.
A Sociedade Brasileira de Física agradece o professor Silvio Salinas por seu empenho em comandar a RBEF nos últimos 15 anos.

Vale lembrar que a RBEF é um periódico de acesso livre editado pela SBF desde o ano de 1979, que conta com o apoio editorial da ScIELO, de área temática na interface entre as humanidades (ensino) e a Física. É uma revista científica avaliada no estrato superior do Qualis, com conceito máximo denominado A1. Pela Clarivate, a RBEF registrou, em 2021, fator de impacto (FI) 0.099. “Esse parâmetro é relativo àquelas publicações que integram a base Web of Science (WoS) e corresponde à razão entre o número de citações obtidas nos dois anos anteriores à aferição e o total de artigos publicados no respectivo período. Em 2022, cerca de 21.500 periódicos de alta qualidade, provenientes de 114 países, integrantes de 254 categorias (separadas entre ciência e ciências sociais), foram objetos de avaliação”, informa o professor Marcello Ferreira.

A RBEF tem grande importância e reconhecimento no Brasil e na América Latina. Segundo o professor Marcello, é recorrente encontrar textos provenientes da RBEF em bibliografias de cursos de graduação e de pós-graduação em Física/Ensino de Física e nas ementas das respectivas disciplinas – dando, portanto, parte do tom a tais formações. “Bacharéis, licenciados e mestres/doutores nessas áreas constituem a ampla maioria de leitores de artigos veiculados na revista, que servem como referência para a formação e para a atualização nos assuntos de que trata e, ao passo que enfatizam dimensões didáticas, como contributo para a constituição da profissionalidade docente. Outro aspecto qualitativo fundamental é a recorrência de textos provenientes da RBEF em revisões bibliográficas sistemáticas”, diz.

Os acessos anuais à revista saltaram, em valores aproximados, de 146 mil para 236 mil (incremento de 61,64%) – desde o ano de 2001, quando passa a ser disponibilizada principalmente no formato digital (tornando-se exclusivo a partir de 2015), a RBEF tem média anual aproximada de 200 mil acessos mensais, com picos da ordem de 250 mil, o que é um indicativo de seu alcance e capilaridade, como meio qualificado de difusão científica na respectiva área do conhecimento.

O professor Marcello Ferreira cita, ainda, com relação à afiliação dos autores, que a maior parte é proveniente do Brasil e, mais amplamente, da América Latina, seguida por autores vinculados a instituições de ensino de Portugal e Espanha e de países cujo idioma oficial é o Português. “Há, entretanto, ocorrências de autoria em numerosos outros países, como Estados Unidos, Canadá, Rússia, Alemanha, Inglaterra, Itália, Dinamarca, França, Índia e China. A internacionalização da RBEF é um indicativo de seu potencial de integração ao circuito das publicações de reconhecimento mundial na área de Física e seu ensino”, diz.

Ao ganhar essa importância, o professor Marcello Ferreira terá o desafio não apenas de manter a sua qualidade, mas de aprimorar ainda mais o alcance e a importância da publicação. O físico elenca três ações que devem impulsionar o crescimento da publicação:

1 – Políticas Editoriais: o professor Marcello avalia necessário revisitar algumas diretrizes relacionadas a temáticas e escopos e subdivisões da revista, como tipologia de textos a serem publicados como proceedings/anaisde eventos científicos de alto nível, cartas ao editor, efemérides, resumos de livros ou teses importantes. “É sempre possível revisar fluxos, melhorar o layout, a acessibilidade e os dispositivos de busca na página da revista na internet”, diz.

Para ele, também é um desafio fazer uma revisão, ampliação e atualização do conselho científico, de modo que a revista tenha um processo sistemático de avaliação e planejamento, mobilizado por um grupo de especialistas que possam apoiar o planejamento, direcionamentos de escopos, incorporação de números especiais (ou dossiês temáticos), suplementos e efemérides, ressalta.

Ele também está propondo uma segmentação mais clarificada na distribuição dos artigos, “com uma dosimetria adequada entre artigos voltados à física teórica, experimental e simulação computacional, pesquisa em ensino de física, história e epistemologia da física e astronomia e temas de fronteira”.

O novo Editor-Chefe também reforçará a divulgação da revista, tanto no Boletim SBF, quanto em mídias sociais. “Vamos buscar fomento com as agências estaduais e federais para investir no desenvolvimento da revista, instituir um prêmio anual de melhor artigo da RBEF, como maneira de destaque aos autores que colaboram com a revista com produções científicas de excelência, e investir em indicadores para a melhoria de sua indexação”, afirma.

2 – Indução de enfoques: A publicação buscará induzir enfoques, melhorar a proporção de estudos e pesquisas quantitativas, longitudinais e translacionais, particularmente quando se tratarem de pesquisa em ensino de física, estratégias curriculares e didáticas. Também é previsto adotar números temáticos suplementares ou dossiês que acionem temas que são emergentes, como o surgimento de tecnologias, prêmios Nobel e efemérides. “Às vezes, revistas científicas demoram muito em seus processos editoriais para colocá-los na pauta. É importante que a RBEF possa se organizar para receber e rapidamente avaliar artigos vinculados a temas emergentes e da fronteira do conhecimento, porque isso aumenta a visibilidade e o impacto da revista”, diz Marcello.

3 – Indexação e Internacionalização: o professor Marcello Ferreira também buscará ampliação das publicações em língua inglesa, “porque elas são muito producentes, no cenário internacional, em relação ao alcance e ao impacto das revistas”. Acrescenta, ainda, que “isso aumenta a visibilidade, o número de citações e, por consequência, os fatores de impacto. Essas métricas, atualmente, são essenciais para a manutenção, a sustentabilidade e o prestígio das revistas em contexto internacional. Isso não significa que a revista não terá textos em língua portuguesa e em língua espanhola, tampouco que haverá vantagem ou predileção a textos em inglês. Significa, entretanto, que vamos buscar estratégias, seja de viabilizar a contratação de serviços de tradução, seja incentivar os autores a publicarem nos dois idiomas, como é feito em várias revistas, para que esse alcance possa ser realizado”, explica.

O vice-diretor do Instituto de Física da UnB também afirmou que buscará aperfeiçoar o sistema de busca na página da revista na internet, “porque isso favorece os estudos de revisão sistemática de literatura, o que ajuda na ampliação do seu alcance, reconhecimento e escopo”. “Vamos buscar uma revisão das bases e dos repositórios de indexação, analisá-los cuidadosamente e, além disso, buscar aproximação estratégica a periódicos análogos, no Brasil, na América Latina e no mundo, por exemplo, associando a grupos e eventos nacionais e internacionais de editores, divulgando-a e amplificando as possibilidades de adicioná-la ao circuito das publicações internacionais em Física e seu ensino”.

No volume 46 da RBEF, disponível em https://www.scielo.br/j/rbef/i/2024.v46/, será possível encontrar o artigo intitulado “Os 45 anos da Revista Brasileira de Ensino de Física (RBEF): retrospectiva, análise e novos horizontes”, em que o professor Marcello Ferreira faz longa e detalhada apresentação de aspectos históricos, de conteúdo e de perspectivas da RBEF.

Ainda segundo o professor Marcello Ferreira, “a RBEF é um patrimônio e um legado da SBF cujas diretrizes devem ser permanentemente observadas, preservadas e aperfeiçoadas em atenção às estratégias da Sociedade, à visão coletiva de seu comitê científico e buscando atualização aos padrões editoriais contemporâneos com qualidade, excelência, distinção, alcance, ética acadêmica e impacto. Deve, ainda, manter-se vigorosa às contemporâneas tecnologias, maneiras e mídias comunicacionais, às inteligências artificiais e às lógicas e interações de produção e difusão do conhecimento científico em contexto nacional e global, resguardando a necessidade de contínua revisão e da busca incansável por seu aprimoramento”.

(Colaborou Roger Marzochi)