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Crianças visitam o LHC na Suíça em evento do IPPOG - Crédito da Foto: CERN

Portal contribuirá para a difusão do universo da física de partículas entre estudantes e professores em busca não apenas de comunicar à sociedade sobre o trabalho científico, mas também estimular a carreira de novos pesquisadores

Em evento durante o Encontro de Primavera da Sociedade Brasileira de Física (SBF), em Niterói (RJ), foi lançado o site do IPPOG Brasil, canal de comunicação no País do grupo brasileiro que participa do International Particle Physics Outreach Group (IPPOG), rede de cientistas que realizam masterclass com mais de 14 mil alunos ao redor do mundo para difundir os conceitos básicos da física de partículas. “Os desafios são enormes na física de partículas e exigem um esforço para levar ao conhecimento do público a importância da ciência básica e da física de partículas para assegurar uma nova geração de cientistas e garantir apoio financeiro a novos projetos de longo prazo”, diz o coordenador internacional do IPPOG, Pedro Abreu, em vídeo de lançamento.

O Brasil é representado no IPPOG pela Rede Nacional de Física de Altas Energias (RENAFAE), oficialmente criada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil para coordenar o esforço nacional em Física de Altas Energias. O IPPOG Brasil é coordenado por Marcelo Munhoz, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP). “O portal é um canal de comunicação entre a comunidade de pesquisadores com o público em geral. Um professor que quiser falar sobre física de partículas na sala de aula vai achar material no site, poderá participar de fóruns, iniciar discussões. E produziremos newsletter, notícias, haverá muita informação no site”, diz o coordenador brasileiro do site.

Segundo Munhoz, o Brasil tem uma longa tradição em Física de Altas Energias e sua divulgação. Ele cita, por exemplo, o evento Masterclasses Hands On Particle Physics, que é aplicado no país desde 2008 pelo qual participaram até hoje mais de 1000 alunos a cada ano em diferentes instituições espalhadas pelo País. Quando o Brasil estava ingressando no IPPOG, foi criado um Grupo de Trabalho reunindo Físicos de Partículas e Especialistas em Educação Científica de diferentes instituições brasileiras de todo o País para promover atividades de divulgação da física de partículas e representar o país no IPPOG. Em acordo com a RENAFAE, a SBF hospeda o site do grupo brasileiro e tem como representante Sandro Fonseca, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

“Várias iniciativas são desenvolvidas por este grupo como a organização de reuniões regulares para troca de ideias e para iniciar novas colaborações entre os participantes. Por exemplo, um projeto para introduzir detectores de raios cósmicos nas escolas primárias nasceu deste grupo. Dadas as dimensões e as demandas do país, inúmeras iniciativas e atividades ainda podem ser criadas para promover a física de partículas e o conhecimento científico no Brasil”, diz Munhoz. “Acreditamos na importância dessa física para a humanidade. Então, a gente vê como algo bastante importante a gente esclarecer para as pessoas sobre o que a gente faz, prestar contas do que estamos fazendo, despertar o interesse das pessoas por esse tipo de conhecimento básico”, explica o físico.

Munhoz sente na sociedade um interesse maior na aplicabilidade da ciência na sociedade, como a produção de uma vacina, por exemplo. Mas ele lembra que, para se chegar ao resultado esperado, foi preciso de um conhecimento básico sobre o ser humano. “A gente acha muito importante valorizar a ciência básica, não só aquela com caráter utilitário. A física de partículas é superinteressante porque alia as duas coisas. O objetivo maior é entender do que são feitas as coisas, a matéria, o Universo. Mas, para fazer isso, precisa de tecnologia avançada. E, em paralelo, há o desenvolvimento de muita tecnologia, que tem aplicações na sociedade”, explica ele.

Munhoz lembra também que a física de partículas leva ao máximo a colaboração entre vários cientistas, vários países. E isso impulsiona o compartilhamento do saber. “É o ideal da ciência global ao extremo: tudo tem que ser feito de maneira compartilhada. Então, eu acho que a física de partícula é paradigma da ciência que temos que levar para o público em geral não só despertar o interesse dos jovens pela carreira, mas para que as pessoas conheçam para valorizar esse saber, essa forma de gerar conhecimento e tecnologia.”

(Colaborou Roger Marzochi)