Documento foi divulgado pela Academia Brasileira de Ciências no sentido de colaborar para que os países do grupo acelerem o processo para cumprir os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.
A presidenta da Academia Brasileira de Ciência (ABC), Helena Nader, divulgou nesta quarta-feira (14/08) o documento “Ciência para a transformação mundial”, resultado do encontro realizado em março no Rio de Janeiro do Science 20 (S20), grupo de aconselhamento do G20 que trata de temas referentes à ciência e tecnologia. Ao ser anfitrião do encontro este ano do G20, a ABC organizou o evento do qual participam líderes das academias de ciência de 19 países mais a União Europeia, incluindo ainda a União Africana. A Cúpula de Líderes do G20 está agendada para os dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro.
O documento se baseia na premissa que a ciência e tecnologia podem colaborar com a erradicação da pobreza e o desenvolvimento econômico sustentável, pilares que perpassam os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definido por 193 países na Organização das Nações Unidas (ONU), que estipulou metas ousadas até 2030. Para o encontro deste ano do S20, foram definidos cinco temas relacionados à Agenda 2030 da ONU: (1) Inteligência Artificial; (2) Bioeconomia; (3) Processo de Transição Energética; (4) Desafios de Saúde; e (5) Justiça Social.
“Foram mais de seis meses de trabalho árduo e de intensa colaboração entre os membros do S20. Nossa expectativa é que, agora, as recomendações sejam levadas à mesa de discussões com os integrantes do bloco, contribuindo para o documento final do G20”, afirma Helena Nadar, em comunicado enviado à Sociedade Brasileira de Física (SBF). Os debates ocorrem anualmente e edições anteriores foram sediadas pela Alemanha (2017), Argentina (2018), Japão (2019), Arábia Saudita (2020), Itália (2021), Indonésia (2022) e Índia (2023).
Na área de Inteligência Artificial (IA), o documento faz 10 recomendações ao governo, sendo o primeiro item de destaque, uma vez que essa tecnologia é capaz de reduzir as desigualdades sociais, educação e colaborar no enfrentamento das mudanças climáticas. “Para enfrentar esses desafios de forma eficaz, o avanço da IA requer um robusto arcabouço ético. O rápido ritmo da inovação em IA cria incertezas significativas para a governança, dificultando esforços para gerenciar suas implicações”, informa o documento.
Entre as indicações, estão “capacitar os cidadãos, por meio da educação, a tomar decisões informadas sobre a IA, entendendo seu potencial, benefícios, limitações e riscos possíveis; trabalhar juntos para criar e compartilhar conjuntos de dados científicos grandes, valiosos e bem organizados, respeitando a governança dos dados”, além da defesa do clima e da promoção de inovações no trabalho a partir de valores humanos.
Na área de transição energética, o documento faz 11 recomendações, como uso maior de energias renováveis de fontes como a solar, eólica, hidrelétrica e geotérmica. “A transição de sistemas baseados em combustíveis fósseis para sistemas de energia limpa e acessível é essencial para enfrentar as mudanças climáticas, o esgotamento de recursos e garantir a segurança energética global”, afirma a declaração do S20.
“Os esforços gerais para reduzir as emissões no processo de transição energética devem se basear no uso crescente de fontes de energia de baixa emissão, incluindo energias renováveis e nuclear, em uma combinação que varia de um país para outro, avançando para a eliminação do carvão”, informa o documento.
“Captura, utilização e armazenamento de carbono, juntamente com abordagens baseadas no mercado, como precificação de carbono em escala global, devem ser utilizados para minimizar as emissões de CO2 dos combustíveis fósseis à medida que nos afastamos dessas fontes em direção a um futuro de baixa emissão”, afirma o texto, que também defende biocombustíveis, hidrogênio verde e campanhas de conscientização da população.
Leia o documento do S20 Brasil na íntegra
(Colaborou Roger Marzochi)