Propostas dos Candidatos à Diretoria de 2013

Apresentação da Chapa Concorrente à Diretoria da SBF

Presidente

Ricardo Magnus Osório Galvão

Possui graduação em Engenharia de Telecomunicacões pela Universidade Federal Fluminense (1969), mestrado em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas (1972), doutorado em Fisica de Plasmas Aplicada pelo Massachusetts Institute of Technology (1976) e Livre-Docência em Física Experimental pela Universidade de São Paulo (1983). Tem experiência na área de Física dos Fluídos, Física de Plasmas e Descargas Elétricas, atuando principalmente em física de tokamaks, ondas de Alfven, transporte em plasmas termonucleares e aplicações tecnológicas de plasmas. Recebeu o Prêmio Sandoval Vallarta de Física, pelo International Centre for Theoretical Physics, Trieste, e o Prêmio Professor Destaque em Física, pela Univerwsidade de São Paulo. É membro titular da Academia de Ciências do Estado de São Paulo e da Academia Brasileira de Ciências. Possui ampla experiência em administração científica, tendo sido membro do Conselho Administrativo da ABTLus e Diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas. É membro do Conselho Editorial do Brazilian Journal of Physics e da Comissão C16 da IUPAP.

Vice-Presidente

Belita Koiller

Possui graduação em Fisica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1971) e doutorado em Fisica pela Universidade da California em Berkeley (1975). Em 1982 recebeu uma Guggenheim Fellowship. Atualmente é Profa. Titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Física, com ênfase em Física da Matéria Condensada, atuando principalmente nos seguintes temas: fisica de semicondutores, nanoestruturas, computação quântica e propriedades eletronicas de sistemas desordenados. Foi eleita Conselheira da SBF por 3 mandatos de 4 anos em 1993, 1999 e 2005 e foi eleita Conselheira Internacional da APS (American Physical Society) pelo periodo 2010 – 2011. É Editora Associada do Journal of Applied Physics desde 2010 e participa da Comissão C8 da IUPAP. É membro da ABC e da TWAS, foi condecorada na Ordem do Mérito Científico e foi laureada com o Prêmio L’ Oréal UNESCO 2005 (América Latina).

Primeiro Secretário

Vanderlei Salvador Bagnato


Vanderlei Salvador Bagnato concluiu o doutorado em Física – Massachusetts Institute of Technology em 1987. Atualmente é professor titular da Universidade de São Paulo. Publicou 368 artigos em periódicos especializados e 1062 trabalhos em eventos. Possui 18 capítulos de livros e 5 livros publicados. Orientou 34 dissertações de mestrado e co-orientou 2, orientou 25 teses de doutorado nas áreas de Física, Odontologia e Medicina. Recebeu 2 prêmios e/ou homenagens. Atua na área de Física, com ênfase em Física Atômica. Em suas atividades profissionais interagiu com 587 colaboradores em co-autorias de trabalhos científicos. Em seu currículo Lattes os termos mais freqüentes na contextualização da produção científica, tecnológica e artístico-cultural são: armadilha magneto-óptica, Átomos, Átomos de sódio, Condensação de Bose-Einstein, Átomos frios, Colisões frias, Desaceleração de átomos, Espectroscopia, Terapia fotodinâmica PDT. Eleito para The Academy of Sciences for the Developing World, 20/10/2009, e membro da Academia Pontifícia de Ciências do Vaticano, 05/11/2012.

Secretário

Ivo Alexandre Hümmelgen

Ivo Alexandre Hummelgen concluiu o doutorado na Georg-August Universität zu Göttingen em 1991. Atualmente é Professor Associado IV e líder de um grupo de pesquisa em dispositivos optoeletrônicos orgânicos, no Departamento de Física da Universidade Federal do Paraná. Seus principais interesses de pesquisa estão relacionados com a investigação de injeção de carga e fenômenos de transporte em semicondutores orgânicos, filmes finos e aplicação de polímeros conjugados e materiais de baixo peso molecular a transistores orgânicos e híbridos, dispositivos fotovoltaicos, diodos emissores de luz e memórias e sensores. É “Topical Editor for Semiconductors and Photoelectrochemistry” do Journal of Solid State Electrochemistry (Springer Verlag).

Tesoureiro

Carlos Chesman de Araujo Feitosa

Fez a graduação, bacharelado em Física na Universidade Federal do Rio Grande do Norte e possui mestrado (1994) em óptica – física atômica (armadilhas magneto-ópticas) e doutorado (1997) em magnetismo (materiais nanoestruturados) pela Universidade Federal de Pernambuco. Atualmente é Professor Titular do Departamento de Física Teórica e Experimental da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Tem experiência na área de Física, com ênfase em nanoestruturas magnéticas e semicondutoras, na preparação de amostras por magnetron sputtering, na implementação de mini-refrigeradores que usam placas Peltier e na montagem de aparatos experimentais para o ensino e para divulgação científica.

Secretária para Assuntos de Ensino

Lúcia Helena Sasseron

Licenciada em Física pela USP (2001), Mestre em Ensino de Ciências (Modalidade Física) pela USP (2005) e Doutora em Educação pela USP (2008). Professora Doutora do Departamento de Metodologia do Ensino e Educação Comparada da Faculdade de Educação da USP, ministra disciplinas para os cursos de Pedagogia e Licenciatura em Física. Orientadora de pós graduação do Programa de Pós-Graduação em Educação da FE-USP e do Programa Interunidades em Ensino de Ciências IF-FE-IB-IQ-USP. Tem interesse, em particular, sobre os temas de estudos em: Ensino de Ciências, Ensino de Física, Argumentação em sala de aula e Alfabetização Científica.


Plano de Gestão

O desenvolvimento científico do país nas últimas três décadas foi notável. Em muitas áreas, em particular na Física, o nível alcançado na qualidade das pesquisas realizadas e na formação de novos pesquisadores é comparável ao dos países mais desenvolvidos cientificamente. No entanto, vários gargalos têm impedido avanços mais notáveis e de conseqüências mais abrangentes, como aumento da capacitação técnico-científica da população brasileira, desenvolvimento de projetos de pesquisa de maior fôlego, que coloquem o país em destacada liderança do conhecimento, pelo menos em algumas áreas específicas, visando inclusive aumento substancial da inovação tecnológica alavancada pela ciência.

Ações pontuais de Governos Federal e Estaduais vem ampliando a infra-estrutura e a qualidade da ciência brasileira. Como exemplos citamos os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia, a implantação de grandes laboratórios abertos a pesquisadores em áreas estratégicas, tais como o Reator Multipropósito Brasileiro e o Projeto Sirius, avançada fonte de luz síncrotron, associação a grandes laboratórios internacionais, como o CERN, e incentivos à inovação tecnológica. No entanto, algumas dessas ações foram implantadas sem a devida análise prévia, crítica e independente, da comunidade científica e, em geral, carecem de garantia de continuidade e de aporte financeiro para atingir metas de longo prazo.

Diante deste cenário, as sociedades científicas brasileiras, Sociedade Brasileira de Física, Sociedade Brasileira de Química, SBPC deveriam, juntamente com a ABC, contribuir de forma independente, mas colaborativa e eficaz, na proposição e consolidação de ações que efetivamente venham a promover e reforçar o avanço da ciência brasileira.

Desde sua criação, em 1966, a Sociedade Brasileira de Física tem atuado de forma contínua e intensa para fortalecer a pesquisa e a formação científica em Física no país, isoladamente ou participando com desprendimento e profissionalismo sempre que foi chamada a contribuir, mas sempre mantendo uma postura independente. Dentro deste espírito, lançou a Revista Brasileira de Física, atualmente Brazilian Journal of Physics, a Revista Brasileira de Ensino de Física, a Física na Escola, e a Revista de Física Aplicada e Instrumentação, atualmente com edição descontinuada. Além disso, realizou avaliações periódicas retratando a situação da Física no país, apontando deficiências, qualidades e direções a seguir, além de outros vários estudos disponíveis em publicações da SBF. Paralelamente, não se furtou a analisar e se manifestar de forma altaneira sobre grandes questões nacionais, tendo como exemplo paradigmático sua atuação crítica com relação ao Acordo Nuclear Alemanha-Brasil de 1975. Lembramos algumas iniciativas recentes importantes, como a implantação do programa de estágio de professores de escolas públicas do ensino médio no CERN, a articulação do Programa Nacional de Mestrado Profissional em Ensino de Física e do Encontro Nacional de Física na Indústria. Em particular, merece destaque a recente manifestação sobre a inadequação da nova carreira docente nas Universidades Federais.

Apesar desse histórico de grandes realizações, percebemos um clima de decepção permeando a comunidade de Física com relação à atuação recente da SBF. Nota-se uma redução no envolvimento desta própria comunidade com a Sociedade, dificuldades na articulação e implantação de diferentes ações, disputas internas mal resolvidas, levando a uma percepção generalizada de que a SBF vem perdendo sua importância, não somente junto aos sócios, mas principalmente com relação à sua inserção e participação nas grandes questões científicas nacionais. Mesmo considerando que haja algum exagero nessa percepção, é fundamental que a próxima Diretoria procure resgatar o elevado prestígio que sempre caracterizou a Sociedade.

A proposta básica deste grupo que se candidata a dirigir a Sociedade Brasileira de Física nos próximos dois anos é trabalhar para resgatar tanto a confiança e entusiasmo dos sócios quanto o prestígio da Sociedade no cenário científico nacional. Uma condição básica para alcançar esta meta consiste em assegurar sua independência com relação a agências e órgãos oficiais, assumindo uma postura crítica, mas construtiva e, sempre que possível, colaborativa com entidades governamentais.

Listamos a seguir, resumidamente, algumas propostas de iniciativas da SBF a serem encaminhadas ao Conselho na nossa gestão, caso eleitos:

1. Ensino de Física

  • Dar todo o apoio necessário para a consolidação do Mestrado Nacional Profissional em Ensino de Física, em colaboração com a CAPES e com a Comissão do Programa e os polos selecionados na gestão anterior.
  • Apoiar o desenvolvimento de material científico de qualidade para o ensino de física na educação básica (ensino médio e fundamental) e no ensino superior, implantando e coordenando a produção de materiais experimentais, textos, vídeos, e outros; principalmente aprimorar e atualizar a instrumentação para laboratórios didáticos no ensino médio. Naturalmente esta ação deverá ser articulada com o MNPEF, mas não de forma exclusiva. Em particular dever-se-á buscar a participação de secretarias estaduais de educação, de empresas, de grandes laboratórios nacionais, assim como parcerias com iniciativas neste sentido, em desenvolvimento ou já implantadas.
  • Estabelecer um programa para estimular o interesse pela Física junto aos alunos do Ensino Médio, com especial atenção às alunas. Este programa deverá contar com a contribuição de colegas com destacadas contribuições à Física.
  • Formular a proposta de uma disciplina para a graduação, tanto bacharelado como licenciatura, que desperte o interesse pela atividade experimental e tecnológica. Esta disciplina, que poderia se chamar Física Tecnológica, teria um carácter mais voltado ao entendimento “de como as coisas funcionam”, utilizando os princípios e métodos da Física. A equipe encarregada da proposta se comprometeria a auxiliar em sua implantação nas unidades de ensino que por ela se interessassem.
  • Realização de um estudo abrangente, coordenado pela Secretaria de Assuntos de Ensino de Física, sobre a qualidade dos currículos de Licenciatura em Física e do grau de conhecimento em Física Básica dos estudantes formados.
  • Procurar mecanismos e buscar parcerias para consolidar a publicação da Revista Brasileira de Ensino de Física e, particularmente, da Física na Escola e envidar esforços para melhoria da qualidade dos artigos nelas publicados.
  • Estabelecer uma ação articulada para que membros da SBF, que tenham oportunidade de publicar na grande imprensa de todo o país, divulguem textos que estimulem o interesse pelas ciências naturais e, principalmente, realcem a necessidade urgente de melhoria das condições de trabalho e valorização dos professores de Ensino Médio.

2. Inovação Tecnológica

  • Consolidar o Encontro Nacional de Física na Indústria como um evento regular da SBF.
  • Articular, junto às agências de fomento, a criação de editais temáticos interdisciplinares, relativos a bolsas de mestrado/doutorado, voltados para temas identificados e propostos pela indústria e suas associações, de forma a direcionar a formação de recursos humanos para áreas com deficiência de oferta de pessoal capacitado.
  • Intermediar, em colaboração com associações empresariais, o diálogo indústria-universidade para desenvolvimento de projetos técnico-científicos junto a grupos universitários com perfil mais aplicado.

3. Desenvolvimento Científico Nacional

  • Disponibilizar a assessoria independente da SBF a órgãos oficiais, em particular ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, na avaliação de projetos de grande porte que venham a ser propostos a estes órgãos na área de Física.
  • Articular com organizações científicas como a Academia Brasileira de Ciências, Sociedade Astronômica Brasileira, Sociedade Brasileira de Química, e outras, a discussão de grandes temas relevantes para o progresso científico e tecnológico do país. Exemplos típicos são independência soberana na disponibilidade de insumos para a pesquisa, instrumentação científica, implantação de programas e de laboratórios nacionais, etc.
  • Dar continuidade a iniciativas de colaboração internacional bem sucedidas, como o programa de colaboração SBF/APS para intercâmbio de cientistas, buscando e avaliando em paralelo perspectivas de programas semelhantes em outros países.