Por Silvio Manea

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

A tecnologia de componentes eletrônicos resistentes à radiação é utilizada na área espacial, como, por exemplo, em satélites e sondas, na área de defesa (motores nucleares), na área médica (tratamento oncológico) e na pesquisa em Física. Porém, por ser considerada estratégica, os países dela detentores não a disponibilizam e normalmente criam embargos quando outros países dela necessitam para seus projetos tecnológicos. Para superar este entrave, foi implantado um projeto integrando conhecimentos especializados e instalações de vários institutos de Física e instituições de pesquisa no país, em um esforço articulado dentro do Projeto CITAR – Circuitos Integrados Tolerantes a Radiação, coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE e pelo Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer – CTI.

Além do INPE e CTI, participam do CITAR o Instituto de Física da USP – IFUSP, o Instituto de Estudos Avançados – IEAv/DCTA, a Fundação Inaciana de Ensino – FEI e o Instituto Mauá de Tecnologia. A metodologia empregada compreende duas linhas principais de atuação: i) desenvolvimento da tecnologia de projeto e fabricação dos componentes eletrônicos tolerantes a radiação e ii) estabelecimento da infraestrutura necessária para testes de radiação.

A primeira linha de atuação está sendo conduzida principalmente pelo INPE e CTI. Em particular, esses institutos tiveram aprovado um projeto FINEP para desenvolvimento da tecnologia de endurecimento de componentes eletrônicos à radiação.

A infraestrutura para testes de radiação está sendo implantada em diversos laboratórios. No Laboratório de Radiação Ionizante, LRI, do IEAv/DCTA estão sendo instaladas fontes de cobalto 60 (raios gama) e de deutério – trítio (nêutrons), para testes de dose total ionizante (TID) e dano por deslocamento (DD).  No Acelerador LINAC do IFUSP está sendo instalada uma linha especial para testes de componentes eletrônicos, com as mesmas características de linhas de testes aprovadas pela European Space Agency – ESA, e uma linha no Acelerador Pellletron já está operacional para os testes de engenharia.  Finalmente, na Divisão de Física da FEI está sendo instalado um equipamento de raios X para uso nos testes de desenvolvimento de componentes.

Este projeto demonstra a viabilidade de desenvolver ações, em ciência e tecnologia, para suplantar entraves no desenvolvimento tecnológico do país, articulando esforços de diferentes instituições sob a coordenação e com apoio do MCTI.

Para maiores informações enviar mensagem para – silvio.manea@inpe.br