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Um dos aspectos mais misteriosos da mecânica quântica é a não localidade — o fato de que sistemas quânticos não precisam ter todos os seus elementos no mesmo lugar para influenciar uns aos outros, de modo que, por exemplo, com um par de partículas emaranhadas, a medição das propriedades de uma delas afeta a outra, mesmo que ela esteja do outro lado do Universo.

Essa propriedade estranha da mecânica quântica já foi chamada por Albert Einstein de “ação fantasmagórica à distância” e parece sugerir que, para partículas emaranhadas, é como se tempo e espaço não existissem. Por essa razão, Einstein apostava na existência de uma outra teoria, determinística, subjacente à realidade quântica, e capaz de explicar a priori o comportamento das partículas, sem violar a localidade.

Inspirado pelo trabalho de Einstein (em parceria com Podolsky e Rosen), o físico John Stewart Bell, nos anos 1960, desenvolveu uma proposta de experimento que seria capaz de distinguir entre a mecânica quântica, não local, e qualquer outra teoria subjacente, fosse qual fosse, capaz de preservar o chamado realismo local.

E agora, um grupo internacional de pesquisadores realizou o maior dos testes de Bell, com o apoio de mais de 100 mil pessoas espalhadas pelo planeta, que interagiam com o experimento por meio de um video-game.

O “Grande Teste de Bell” (Big Bell Test) foi realizado em novembro de 2016 sob a coordenação do Instituto de Ciências Fotônicas da Espanha e contou com participação de pesquisadores em diversos países. No Brasil, participou Rafael Chaves, pesquisador do Instituto Internacional de Física da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), em Natal.

Os voluntários, recrutados pelos pesquisadores por meio da internet, criaram mais de 90 milhões de bits através de um jogo on-line, feito para coletar cliques aleatórios dos participantes e dessa maneira poder testar a teoria.

Os resultados foram publicados em 9 de maio de 2018 na revista Nature. “As correlações observadas contradizem fortemente o realismo local”, afirmam os pesquisadores. “Desfechos do projeto incluem o fechamento da ‘brecha da liberdade de escolha’ (a possibilidade de que as escolhas nas configurações [do experimento] sejam influenciadas por ‘variáveis ocultas’ para correlacionar as propriedades das partículas), a utilização de métodos de video-game para coleção rápida de aleatoriedade gerada por humanos, e o uso de técnicas de rede para participação global em ciência experimental.”

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