A SBF lamenta informar o falecimento do físico Ivo Alexandre Hummelgen, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), aos 55 anos de idade.
Liderança nacional na pesquisa da física de dispositivos eletrônicos orgânicos, Hummelgen também atuou ativamente na política científica nacional e internacional. Foi Secretário da Diretoria da SBF entre os anos de 2013 e 2017. Publicamos a seguir uma carta de homenagem de seus colegas da UFPR, lembrando sua trajetória, principais contribuições e alguns aspectos do seu modo de ser.
Ao amigo Ivo Alexandre Hummelgen,
É com um sentimento amargo que lamentamos comunicar à comunidade da física brasileira que Ivo Alexandre Hummelgen nos deixou nesta última sexta-feira, ainda com 55 anos de idade, 28 deles dedicados à UFPR. Professor Titular do Departamento de Física da UFPR e pesquisador 1B do CNPq, Hummelgen era formado Bacharel em Física pela UFPR, Mestre pela USP de São Carlos e Doutor pela Universidade de Gottingen na Alemanha.
Ao longo dos anos se tornou uma grande liderança nacional na física de dispositivos eletrônicos orgânicos, tendo vasta e importante produção científica na área. Também foi um grande formador de recursos humanos, com diversos ex-alunos tornando-se destacados pesquisadores em suas respectivas especialidades.
Com sua ampla produção de qualidade foi angariando grande respeito e inserção internacional, organizando diversos eventos científicos, sendo editor ou membro de corpo editorial de revistas tais como o Journal of Solid State Electrochemistry e o Journal of Physics D, além de ter sido um dos representantes nacionais num vasto programa de colaboração científica e tecnológica entre os países do BRIC.
Sempre teve uma forte atuação na política científica nacional, tendo sido membro do CA do CNPq e secretário da SBF entre 2013 e 2017, período em que criou importante laços de amizade e respeito com todo o corpo de funcionários da SBF.
Na UFPR foi Coordenador de Pesquisa e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Física. No estado do Paraná foi membro do comitê assessor da Fundação Araucária, agência de fomento do estado.
Além de seu grande comprometimento, empenho e entusiasmo em seu trabalho científico, tinha algumas grandes paixões. As maiores sem dúvida, sua esposa, sua filha e seu filho. Cultivava outros amores também, como a música, adorando tocar clarinete e mais tarde clarone. Em seu período de férias, sempre procurava viajar pelos lugares mais diversos possíveis, principalmente na Ásia e na África. Grande apreciador de vinhos, sempre brindava os amigos com algum novo Malbec que descobria e, não negando sua ascendência alemã, uma boa cerveja artesanal nunca podia faltar; Pilsen era a preferida. Era excelente cozinheiro, testando receitas novas em suas “cobaias” (os amigos) em um agradável jardim em sua casa. Entre seus passatempos mais peculiares, colecionava chapéus de vários tipos, a maioria vindos da África.
Por fim, seu maior hobby, que sempre dizia que se tornaria trabalho após a aposentadoria na universidade, eram a abelhas. Ivo era um profundo conhecedor destes insetos tão importantes para a e cologia. Tornou-se um produtor das mesmas (totalmente sem fins lucrativos), sempre com a preocupação do repovoamento das abelhas nativas brasileiras próximas à extinção.
Seu chapéu africano de safari, sua risada característica, sua frase “isso me deixa profundamente irritado”isso me irrita profundamente” eram marcas registradas da sua maneira franca e aberta de falar de tudo e de filosofar sobre a vida. Todas estas e muitas outras características de sua forte mas amiga personalidade sem dúvida farão muita falta pelo resto de nossas vidas.
Fica a amizade, que nunca vai acabar, pois este sentimento é sempre infinito no coração dos que ficam.
Marcio H. F. Bettega
Marcos G. E. da Luz
Marcus W. Beims