James Peebles, Michel Mayor e Didier Queloz Crédito: Ill. Niklas Elmehed. © Nobel Media.

O Prêmio Nobel de Física de 2019 foi dividido entre James Peebles, “por descobertas teóricas na cosmologia física” e a dupla Michel Mayor e Didier Queloz “pela descoberta de um exoplaneta orbitando uma estrela do tipo solar”. O prêmio reconheceu o trabalho dos pesquisadores “por suas contribuições ao entendimento da evolução do universo e o lugar da Terra no cosmos.”

O canadense James Peebles foi um dos principais pioneiros a desenvolver os fundamentos da cosmologia moderna. Obteve seu PhD em 1962 pela Universidade de Princeton, Estados Unidos, em 1962, onde passou a maior parte de sua vida acadêmica. Logo após a confirmação da existência da radiação cósmica de fundo, em 1964, começou a estabelecer como seria possível testar os modelos teóricos de origem e evolução do Universo a partir de observações astrofísicas.

As ideias lançadas por Peeble dominam o campo de pesquisa até hoje, como comentou ao jornal Folha de S.Paulo, o físico especialista em cosmologia da UNESP e presidente da SBF, Rogério Rosenfeld. “Os dados da cosmologia eram imprecisos, o estudo não era levado a sério. Sozinho, ele transformou essa ciência que estuda o Universo e influenciou toda uma geração. É dele a ideia de que a matéria escura é importante para a formação de galáxias. Ele também conseguiu formalizar e desenvolver equações que levam à descrição detalhada da radiação cósmica cósmica de fundo, o calorzinho que sobrou do Big Bang. Ou seja, Peebles dominou e transformou a cosmologia em ciência séria, de precisão, que hoje faz grandes avanços.”

Já os suíços Michel Mayor e Didier Queloz levaram o prêmio pela descoberta do primeiro planeta extrassolar ao redor de uma estrela do tipo solar, anunciada em outubro de 1995. A presença de um exoplaneta de massa comparável a Júpiter foi deduzida por observações da luz da estrela 51 Pegasi, a 50 anos-luz da Terra, com instrumentos montados no Observatório Haute-Provence, na França. Mayor e Queloz mediram o efeito Doppler na luz estelar provocado pelo bamboleio gravitacional da estrela, induzido pela órbita do exoplaneta.

A descoberta deu impulso aos projetos e telescópios dedicados a busca por exoplanetas. Até então, só um exoplaneta havia sido confirmado, em 1992, orbitando uma estrela de nêutrons, por meio de uma técnica observacional aplicável apenas a esse tipo de estrela. Já o método de bamboleio gravitacional usado por Mayor e Queloz tem sido uma das principais ferramentas usadas na identificação de mais de 4 mil exoplanetas na Via Láctea.

A SBF parabeniza os pesquisadores pelo prêmio bem merecido.