Pesquisadores do experimento ALPHA, instalado no CERN, atingiram precisão de oito casas decimais na medida da carga elétrica de átomos de anti-hidrogênio. Como era de se esperar, o resultado foi zero, exatamente como sua contraparte de matéria, o hidrogênio.
O trabalho, que conta com participação brasileira, busca pistas que expliquem por que o Universo conhecido é constituido de matéria e não de antimatéria. Segundo modelos aceitos, no Big Bang devem ter sido produzidas quantidades aproximadamente iguais de partículas e antipartículas. Mas, por alguma razão, só encontramos na natureza partículas de matéria.
A busca dos cientistas, portanto, é por pequenas assimetrias que ajudem a explicar por que houve um excesso de matéria sobre antimatéria, resultando no Universo observado.
A medição, publicada no periódico “Nature Communications”, é a primeira determinação de carga elétrica com alta precisão feita para um antiátomo, no caso um átomo composto por um antipróton (que tem carga negativa) e um pósitron (que tem carga positiva).
“Ela é menor que 10-8 da carga de um elétron, ou seja, compatível com nula, como esperado”, afirma Claudio Lenz Cesar, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), um dos autores do trabalho.
O pesquisador brasileiro destaca que o resultado pode ser visto por dois prismas diferentes. “Enquanto as propriedades do antiátomo forem dando iguais às do átomo, o modelo da física atual vai se firmando”, diz. “No entanto, o mistério da ausência de antimatéria no Universo vai se aprofundando.”
Para ler o artigo completo, também de co-autoria de Daniel da Silveira (UFRJ), clique aqui.