Gráficos do sinal de ondas gravitacionais GW190521 registrado pelos detectores do LIGO em Hanford e em Livingston, Estados Unidos, e pelo detector do Virgo, na Itália. Crédito: Phys. Rev. Lett. 125, 101102

Em setembro deste ano, a colaboração internacional dos detectores de ondas gravitacionais LIGO e Virgo apresentou na revista Physical Review Letters os resultados da observação, realizada no dia 21 de maio de 2019, do sinal mais curto e com o conteúdo de frequência mais baixo já registrado. A origem do sinal foi a colisão entre um buraco negro com 85 vezes a massa do Sol e outro de 66 massas solares. A colisão resultou na fusão do par, formando um buraco negro de 142 massas solares, o maior já observado por ondas gravitacionais.

Riccardo Sturani, do Instituto Internacional de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (IIF-UFRN), membro da colaboração LIGO-Virgo, comenta no vídeo abaixo as implicações do resultado para as teorias de formação de buracos negros.

As atuais observações e os modelos astrofísicos concordam que buracos negros formados pelo colapso gravitacional de estrelas não podem nascer com muito mais que cerca de 50 massas solares. “Temos que rever nosso conhecimento”, afirma Sturani. “Talvez os buracos negros resultantes de uma fusão são mais frequentes do que achávamos e estão sendo reciclados para formar novas duplas. Outra possibilidade é a de que esses buracos negros poderiam ser muito mais velhos, nascidos no Universo primordial, quando pequenas flutuações de matéria passaram de um certo valor. Essa é uma hipótese bem exótica, porque não há nenhuma evidência de que existem buracos negros primordiais, mas é uma possibilidade que não podemos descartar.”

Artigo científico
GW190521: A Binary Black Hole Merger with a Total Mass of 150 M
R. Abbott et al. (LIGO Scientific Collaboration and Virgo Collaboration)
Phys. Rev. Lett. 125, 101102 – 2 de setembro de 2020
 ArXiv:2009.01075

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