“Técnicas modernas de aprendizagem de máquina fornecem um novo caminho para a caracterização de correlações em redes quânticas”, afirma no vídeo Rafael Chaves, físico do IIF e um dos autores do estudo publicado em maio na revista Physical Review Letters, com seus colegas Askery Canabarro e Samuraí Brito. “Basicamente, o que fizemos foi samplear aleatoriamente correlações não-locais e, através de técnicas de optimização convexa, calculamos a distância dessas correlações ao conjunto de correlações locais”, Brito explica. “Em outras palavras, quantificamos a não-localidade dessas correlações, sendo esses então os dados usados para treinar os diferentes algoritmos de aprendizagem de máquina.”
Como Canabarro explica no vídeo, a aprendizagem de máquina consiste em programas de computador que aumentam sua performance automaticamente com a exposição crescente a dados. No caso, os dados de entrada eram as medidas da não-localidade de várias correlações escolhidas ao acaso. Quanto mais eram alimentados com esses dados, melhor se tornava o resultado do programa, um modelo capaz de identificar e caracterizar as correlações da rede. “Testamos o modelo com correlações inéditas, nunca antes vistas por ele e obtivemos um acerto de mais de 99,5%”, conta Canabarro. “Além disso, utilizamos o modelo para encontrar novos tipos de correlações, virtualmente impossíveis de serem descobertas pelos métodos usuais.”
Assim, os pesquisadores concluem que as técnicas de aprendizagem de máquina não apenas facilitam a caracterização de redes quânticas, mas também podem ser úteis no estudo dos próprios fundamentos da mecânica quântica.
A pesquisa teve apoio financeiro do CNPq, da UFAL, do Instituto Serrapilheira e da John Templeton Foundation.
Artigo Científico
Machine Learning Nonlocal Correlations
Askery Canabarro, Samuraí Brito e Rafael Chaves
Phys. Rev. Lett. 122, 200401, 22 de maio de 2019
ArXiv:1808.07069
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