Prof. Dr. Silvio da Costa Ferreira da UFV

Físicos da Universidade Federal de Viçosa (UFV-MG) desenvolveram uma pesquisa que tem a finalidade de entender e realizar predições sobre a disseminação da COVID-19 no interior do Brasil. O projeto “Modelagem matemática da disseminação geográfica da COVID-19” é liderado pelo professor Silvio C. Ferreira, e recentemente foi aprovado no edital 12/2020 da CAPES no Programa Estratégico Emergencial de Combate a Surtos, Endemias, Epidemias e Pandemias. “A maioria da população está no interior do Brasil, nosso modelo valoriza o resto do país.”, diz Ferreira.

O doutorando Wesley Cota integrou um grupo de pesquisa na Espanha durante o período “sanduíche” de seu doutorado e teve contato com uma pesquisa semelhante, ele trabalhou em um projeto que tem a finalidade de entender a disseminação do coronavírus pelo interior espanhol, analisando a evolução epidêmica de município para município. Dessa forma, era possível ter uma predição em relação à sobrecarga de leitos do sistema de saúde de cada local. Tendo essa experiência, a ideia de se fazer uma versão brasileira surgiu naturalmente para o grupo de pesquisadores de Viçosa.

Na primeira fase do estudo, os físicos perceberam que a doença se espalhava pelos centros urbanos e partia para o interior. “A epidemia nas capitais começa a dar sinais de que está ficando mais fraca, enquanto no interior ainda está crescendo em muitos lugares, esse é o principal resultado do trabalho: de mostrar como diferentes epidemias vão se propagando em diferentes locais.”, diz Guilherme S. Costa, doutorando e físico integrante da equipe. Atualmente, o trabalho deles se concentra em fazer uma previsão o mais precisa possível da epidemia nos municípios, principalmente com a retomada de atividades, como por exemplo as aulas nas escolas. 

São consultadas fontes tais como secretarias municipais, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) entre outras. Dados de casos e óbitos confirmados foram compilados por Cota e podem ser consultados aqui. “É possível conectar os municípios utilizando esses modelos movidos por dados, você tem esses dados e o fluxo de pessoas se movendo de uma cidade para outra, então é preciso incorporar todas essas heterogeneidades para analisar nosso país, por exemplo”, diz Cota.

Silvio da Costa Ferreira tem bacharelado em Física pela UFV e doutorado em Física pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e é professor do quadro permanente da UFV desde 2005 e bolsista de produtividade do CNPq desde 2007. Tem experiência em Física Estatística de sistemas complexos, atuando principalmente em dinâmica de interfaces, redes complexas e física biológica.

Por Joice Santos
Bolsista Mídia Ciência – FAPESP
Processo 2019/02744-3