Há tempos os pesquisadores buscam explorar o fenômeno das correlações quânticas, em que a descrição do estado de várias partículas em geral não corresponde à simples combinação dos    estados  de cada partícula. Fruto  da pesquisa em ciência básica, este fenômeno vem sendo explorado em termos de potenciais aplicações tecnológicas. A mais famosa dessas correlações é o emaranhamento, usado pelos cientistas para realizar os experimentos de teleportação quântica. Mas há outros tipos de correlações, e ainda existe muito por ser compreendido a respeito de todas elas.

Estudos teóricos acoplados a experimentos realizados por cientistas da UFF (Universidade Federal Fluminense), do IFSC-USP (Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo), do CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas) e da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, focalizaram em alguns dos aspectos dessas correlações.

Foram analisadas transições súbitas em correlações quânticas geométricas, em que sistemas de dois qubits (um qubit, ou quantum bit, é a informação mínima armazenada no estado quântico de uma partícula) codificados através de ressonância nuclear magnética. Os qubits são preparados em estados fortemente correlacionados, conhecidos como estados diagonais de Bell. Os experimentos foram configurados de forma a obter o efeito de descoerência por interação do sistema com o meio ambiente, preservando porém sua forma diagonal de Bell.

Com isso, foi possível observar, pela primeira vez, transições súbitas duplas nas correlações quânticas geométricas, constatando efeitos surpreendentes do ponto de vista da Física Clássica pois não são observáveis nas correlações clássicas que norteiam nossa intuição no dia-a-dia.

O trabalho, que tem como primeiro autor F. M. Paula, do Instituto de Física da UFF, foi publicado na revista Physical Review Letters, onde foi escolhido como destaque do Editor (Editor’s Choice).

Para ler o artigo na íntegra clique aqui (para assinantes) ou aqui (acesso livre).