“O objetivo desse trabalho foi quantificar a diversidade dentro da comunidade de físicas e físicos do Brasil”, afirma Carolina Brito, física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, uma das autoras do estudo. “Notamos claramente que a sociedade brasileira de físicos não é diversa, tendo, por exemplo, uma maioria de homens, quase 70%,e uma maioria de pessoas brancas, 61%. Isso em um país onde mais da metade das pessoas se autodeclara negra e mais da metade são mulheres.”
Os dados também apresentam evidências do chamado “efeito tesoura”, em que a diversidade da comunidade diminui drasticamente nos postos mais avançados da carreira profissional. Brito chama ainda atenção de que mais de 30% dos respondentes afirmarem que a vulnerabilidade socioeconômica é o maior obstáculo para prosseguir nos estudos e na carreira.
O estudo apresenta dados preocupantes sobre a questão do assédio sexual e moral na comunidade: 12% dos respondentes afirmaram terem sofrido assédio sexual, enquanto 38% afirmou já ter sofrido assédio moral. “É preciso que as instituições reconheçam esses problemas e tentem resolver”, diz Brito. “Esperamos que nosso trabalho seja utilizado no desenvolvimento de políticas públicas.”
Artigo científico
Brazilian physicists community diversity, equity, and inclusion: A first diagnostic
Celia Anteneodo, Carolina Brito, Alan Alves-Brito, Simone Silva Alexandre, Beatriz Nattrodt D’Avila e Débora Peres Menezes
Phys. Rev. Phys. Educ. Res. 16, 010136 – 5 de junho 2020
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