A principal técnica utilizada na tese de Carvalho é a chamada espectroscopia Raman. A técnica consiste em iluminar uma amostra do material a ser estudado com um feixe de luz laser. As diferenças entre a luz absorvida e a reemitida pelo material trazem informações sobre a energia e o movimento de seus átomos e elétrons. Cada vez que os pesquisadores iluminam o material com um laser de cor ou comprimento de onda diferente obtêm novas informações sobre o material.
A molibdenita possui propriedades ópticas interessantes por ser um semicondutor capaz de absorver ou emitir luz com comprimento de onda visível. Carvalho explica que a luz reemitida pela molibdenita iluminada com um laser de cor verde é totalmente diferente da reemitida após o material ser iluminado por um laser vermelho.
Na primeira parte do trabalho, Carvalho realizou medidas de espectroscopia Raman para entender como os elétrons da molibdenita interagem com os fônons, a vibrações quânticas da estrutura atômica do cristal. Seus resultados foram publicados em 2015 na revista Physical Review Letters.
Na segunda parte do trabalho, Carvalho investigou interações ainda mais sutis entre os elétrons e os fônons, quando um elétron pode interagir com dois fônons ao mesmo tempo, ou então com apenas um fônon mas na presença de um defeito na estrutura do cristal. Suas conclusões publicadas ano passado na Nature Communications resolvem um problema em aberto há cerca de 30 anos na literatura científica.
Pimenta explica que os elétrons de materiais bidimensionais como o MoS2 são localizados dentro de “vales”. O trabalho de Carvalho mostra como é o comportamento dos elétrons dentro desses vales e como um elétron pode ser transportado de um vale para outro ao interagir com um fônon. Essas interações poderão ser utilizadas para construir novos dispositivos tecnológicos “valleytrônicos”.