Evento foi realizado na última semana de setembro no Campus Pampulha da UFMG.
O Encontro de Primavera da Sociedade Brasileira de Física (EPSBF) de 2024 apresentou um número recorde para um evento presencial desde a sua criação, em 2019: 421 pessoas, um aumento de 38,9% em relação aos 303 inscritos no evento no ano passado. Em 2024, o EPSBF teve como espaço o Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte (MG), sendo realizado de 24 a 27 de setembro.
“Foi uma experiência muito intensa, que exigiu muita dedicação de nossa parte durante um ano inteiro, mas que nos trouxe muito aprendizado, e ao final podemos dizer que foi bastante gratificante”, afirmou o físico Gláuber Dorsch, coordenador do evento neste ano e professor do Departamento de Física da UFMG. Em 2020, em decorrência da pandemia, não houve encontro; e o de 2021 foi realizado online, com 530 inscritos.
Segundo Dorsch, o recorde no número de inscritos é reflexo do apoio fornecido pelas agências financiadoras, aliado ao empenho da coordenação, que buscou ser “representativo do tamanho das comunidades de Física de Partículas e Campos e Física Nuclear no Brasil”. “Os números atuais ainda estão abaixo do tamanho real dessas comunidades, mas ficamos satisfeitos em termos conseguido ampliar essa representatividade comparado a anos anteriores. E falando em representatividade e inclusão, é importante mencionarmos que tivemos a preocupação de fazer um evento que tivesse acessibilidade em todos os edifícios, algo que conseguimos graças à infraestrutura disponibilizada pela UFMG”, explica.
O físico destaca ainda que contribuiu para o resultado positivo a divulgação de cartazes físicos distribuídos para várias universidades e a divulgação do evento em redes sociais. “Nós também tivemos uma grande preocupação em oferecer apoio financeiro à vinda de estudantes. Participar desses encontros envolve custos elevados de inscrição, passagem aérea, acomodação e outros custos diários. Para muitos estudantes esses custos podem ser proibitivos se não receberem algum apoio. Felizmente, graças ao apoio que recebemos das agências públicas e à gestão que fizemos desses recursos, nós conseguimos apoiar a vinda de alguns estudantes que tiveram trabalhos considerados de destaque no evento. Isso certamente foi um outro fator para aumentar o número de inscritos.”
Durante quatro dias, o EPSBF contou com palestras de grandes cientistas do Brasil e do exterior sobre matéria escura, estrelas de nêutrons e neutrinos, entre outros temas. Dorsch explica que a lista de convidados que estiveram presentes deixou a organização orgulhosa e satisfeita. “Nós trabalhamos para trazer palestras que dialogassem com as diversas subáreas envolvidas no encontro, palestras que fossem interessantes a todos da audiência, e não apenas a uma parte da audiência em detrimento de outra. Isso certamente é um desafio, visto a abrangência das áreas englobadas pelo Encontro. Mas ao final conseguimos atingir esse objetivo”, afirma.
Ele cita como exemplo a palestra sobre física de neutrinos, que é um assunto importante na Física de Partículas, que também discorreu sobre técnicas da Física Nuclear usadas nos experimentos para testar a natureza dessas Partículas. “Tivemos também uma palestra sobre o uso de ondas gravitacionais para testar a estrutura interna de estrelas de nêutrons, juntando, portanto, temas da Física de Partículas e Campos com a Física Nuclear e de Hádrons. Ainda outro exemplo foi a palestra sobre o uso da técnica da QCD na rede (muito usada na área de física hadrônica) para determinar o momento magnético anômalo do múon, um problema importante da Física de Partículas atual”, diz o cientista.
Ele ainda menciona a palestra sobre produção de partículas durante o período da inflação cósmica, um assunto que também une as comunidades de Física de Partículas e Cosmologia. “Enfim, mais do que destacar palestras individuais, acredito que o mais importante foi essa intersecção entre temas diversos que tornaram cada palestra atraente a públicos diversos. Esse é, afinal, o objetivo do Encontro de Primavera: unir essas comunidades.”
E o V EPSBF, em 2025, já tem local marcado: o evento será em São Luís, no Maranhão, o segundo encontro na região Nordeste em 5 edições. “Estamos todos muito entusiasmados com a decisão de levar o encontro para a região Nordeste, e principalmente com a iniciativa do grupo de pesquisa da UFMA (Universidade Federal do Maranhão) em ter aceito esse desafio e dado esse passo importante para a história do Encontro, levando-o pela segunda vez à região Nordeste. As expectativas são as melhores possíveis. Temos certeza de que o V Encontro de Primavera no Maranhão será um sucesso, e estamos todos ansiosos para estarmos presentes nessa próxima reunião das comunidades de Física Nuclear e Física de Partículas e Campos.”
(Colaborou Roger Marzochi)