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Durante quatro dias, a comunidade teve acesso às principais políticas públicas de incentivo à pesquisa, além de espaço para cientistas e estudantes apresentarem e debaterem estudos em painéis e pôsteres nos campi da Universidade Federal Fluminense

O III Encontro de Primavera da Sociedade Brasileira de Física (EPSBF) de 2023 foi realizado de 26 a 29 de setembro nos campi da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói, no Rio de Janeiro. O EPSBF, que passa a substituir o XLV Reunião de Trabalho sobre Física Nuclear no Brasil (RTFNB) e o XLII Encontro Nacional de Física de Partículas e Campos (ENFPC), foi prestigiado por 332 pessoas, em um comparecimento recorde. A presença no evento deste ano foi 43,7% maior que o realizado em 2022, quando 231 pessoas se reuniram presencialmente.

Roberto Linares, professor do Instituto de Física da UFF, um dos coordenadores do evento, avalia que a união de duas comunidades que mantinham eventos em separado explica em parte o sucesso da III EPSBF. “Contribuíram para esse resultado outros dois motivos: a cidade do Rio é atrativa e receptiva a eventos; e há na cidade quatro instituições de pesquisa com cientistas de referência em suas áreas, o que também atrai a participação dos estudantes”, avalia Linares. Participaram da coordenação também Antônio Duarte (IFUFF), Bruno Penteado Monteiro (IFUSP), Dionisio Bazeia Filho (UFPB), Kelly Cristina Cezaretto Pires (IFUSP), Sergei Anatolyevich Paschuk (UTFPR).

Dos 332 participantes, 242 são homens, 88 são mulheres e 2 declararam Outro Gênero. Do total, 41,5% são doutores, 23,4% são mestres, 17,7 realizam Iniciação Científica, 14,4% são graduados e 2,71%, licenciados. 76,2% dos inscritos são provenientes da região Sudeste, seguidos por Nordeste (12,6%), Sul (6,02%), Norte (1,5%) e Centro-Oeste (0,30%). Participaram também do evento 11 estrangeiros, representando 3,31% do total. “Estamos cientes que precisamos aumentar a participação feminina, isso é uma meta, que ainda buscamos alcançar”, diz Linares.

O professor da UFF lembra também da importância da plenária na qual participaram Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho, diretor Científico e Tecnológico da FINEP, e de Olival Freire Junior, diretor Científico do CNPq. Aragão e Freire Junior apresentaram ao público as principais políticas de desenvolvimento da ciência e tecnologia do País para os próximos anos, bem como os desafios da maior inserção feminina e racial na ciência. 

“Aragão demonstrou que o País pretende incentivar, com linhas específicas de financiamento, a construção do Reator Multipropósito Brasileiro, que será localizado em Iperó, no interior do Estado de São Paulo. É um projeto estratégico de síntese de rádio-fármacos, que vinha sofrendo nos últimos anos com dificuldade em acesso à recursos”, lembra Linares.

Além das plenárias, foram apresentados 295 trabalhos de 13 áreas da física, seja em sessões paralelas, comunicações orais e no formato de pôsteres. Entre os estudantes que apresentaram pôsteres, foram premiados João Paulo Melo em Teoria de Campos e Física Matemática (P100), Bernard de Souza em Física Nuclear de Baixas Energias (P074), Raphael Gomes de Souza em Física Experimental de Altas Energias (P052), Beatriz de Errico em Astropartículas (P002), Karolayne Silva em Física Nuclear Aplicada (P008), Josana Reis em Divulgação e Ensino de Física Nuclear e de Partículas Elementares (P032), Patrick Belmont Oliveira em Cosmologia e Gravitação (P036), Katherine Maslova em Instrumentação Nuclear e de Partículas Elementares (P061), Vinícius Silva em Fenomenologia Hadrônica e de Partículas Elementares (P087) e Érica Cardozo em Física Nuclear Teórica de Baixas Energias (P081).

O evento realizou também uma sessão de homenagens. José Abdalla Helayël Neto, pesquisador do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), foi homenageado “por suas contribuições à Teoria Quântica de Campos, abrangendo desde supersimetria e supergravidade, violações da simetria de Lorentz e modelos de gravitação estendida, até eletrodinâmicas modificadas e suas aplicações à Física da Matéria Condensada”. 

Takeshi Kodama, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi homenageado “por suas contribuições nas áreas da cromodinâmica quântica, interação hadrônica, colisões relativísticas de íons pesados com especial destaque para seus trabalhos pioneiros em das flutuações hidrodinâmicas evento por evento em colisões de íons pesados”.

Durante o evento, também foi lançado o site do IPPOG Brasil, canal de comunicação no País do grupo brasileiro que participa do International Particle Physics Outreach Group (IPPOG). Linares lembra que outro fato positivo foi a criação do novo logotipo do EPSBF. Realizar um evento desse porte exige grandes desafios, cuja execução impõe sacrifícios à comissão organizadora. Mas, dentre pontos positivos e negativos, a avaliação é que o EPSBF aprimora a cada edição o contato de estudantes com cientistas e formuladores de políticas públicas de relevância para a ciência brasileira.

(Colaborou Roger Marzochi)