Estudantes do Ensino Médio visitando Laboratório de Biofísica no Instituto de Física da UFCAT.
Estudantes do Ensino Médio visitando Laboratório de Biofísica no Instituto de Física da UFCAT.

O Edital de apoio a atividades em âmbito estadual da Sociedade Brasileira de Física (SBF) de 2024 contemplou 12 secretarias estaduais que representam 15 Estados do País com um valor total de R$ 301 mil. Os recursos serão investidos em atividades relacionadas à divulgação da Física, em ações envolvendo várias instituições, amplificando o processo educacional e seu poder de transformação social. “O objetivo da SBF é financiar atividades que, normalmente, não são financiadas por agências de fomento federais ou mesmo estaduais”, diz Ana Maria Marques da Silva, Tesoureira da SBF e professora, além de pesquisadora na área de Física Médica.

Os secretários foram eleitos em junho deste ano e, diferentemente do Edital de 2023, apenas as secretarias estaduais da SBF tiveram a possibilidade de submeter projetos. Foram contemplados projetos dos seguintes Estados: Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Roraima, Rio Grande do Sul e Sergipe. Um projeto será executado em uma secretaria regional, que abrange três Estados (Acre, Mato Grosso e Rondônia).

Palestra realizada neste ano durante o Encontro Sergipano de Física, que passa a receber apoio do Edital da SBF.
Palestra realizada neste ano durante o Encontro Sergipano de Física, que passa a receber apoio do Edital da SBF.

“A ideia é fortalecer as secretarias estaduais para que seus representantes liderem e capilarizem todas essas atividades financiadas pela SBF. A ideia da diretoria é que a existência desses editais de apoio valorize e empodere as secretarias estaduais e regionais, promovendo o envolvimento de sócios da SBF para que se candidatem para liderar essas atividades. Este trabalho na secretaria estadual é totalmente voluntário, assim como todo trabalho da diretoria da SBF. Nosso papel é colaborar para a criação de uma cultura de valorização do conhecimento científico e tecnológico no País”, explica Ana Maria.

Ana Maria destaca que, embora o edital tenha sido destinado apenas às secretarias estaduais, as atividades financiadas têm caráter coletivo e envolvem várias instituições. “Esses eventos têm um impacto importante, pois conseguem unir esforços de diferentes instituições dentro de um Estado, promovendo a divulgação científica e fortalecendo o ensino da Física”, afirma. Ana Maria ressalta que muitas vezes as universidades, principalmente as localizadas em regiões mais afastadas dos grandes centros, encontram dificuldades para obter financiamento para atividades desse tipo, o que torna o edital ainda mais relevante.

“Esses editais são uma oportunidade excelente que a SBF criou para aproximar mais a SBF da comunidade de físicos e físicas no Brasil. Por várias razões, inclusive histórica, há uma certa concentração tanto de recursos quanto de oportunidades na ciência na Região Sudeste. A criação das secretarias que a SBF está promovendo agora e esse apoio às secretarias por meio de Editais facilita bastante, é um grande passo para poder democratizar mais as informações, democratizar mais os acessos aos recursos e eventos promovidos pela Sociedade Brasileira de Física”, diz o físico Domingos Lopes da Silva Júnior, Diretor do Instituto de Física e professor do Instituto de Física da Universidade Federal de Catalão (IF-UFCAT), em Goiás.

Estudantes e professores do Ensino Médio em dia de visitação na UFCAT com apoio da SBF.
Estudantes e professores do Ensino Médio em dia de visitação na UFCAT com apoio da SBF.

No Edital do ano passado, Silva Júnior obteve recursos para realizar a Semana da Física de Catalão que, em decorrência de greves na universidade, será realizada agora em novembro. No projeto que sua secretaria venceu no Edital de 2024, Silva Júnior planejou para 2025 uma atividade para levar a Física ao interior do Estado de Goiás, contando com a participação não apenas da UFCAT, em Catalão, mas também da Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia, Universidade Estadual de Goiás (UEG), em Anápolis, e Instituto Federal Goiano (IF Goiano), em Trindade.

As atividades, que permitem trocas entre a universidade e os estudantes do Ensino Médio, têm também como finalidade explicar o processo científico e combater o negacionismo. “É preciso quebrar alguns tabus relacionados à ciência e alguns conceitos também negacionistas em relação à Física. É importante a gente, que é da área, difundir algumas informações corretas em relação à ciência. Estamos sofrendo alguns ataques e também uma certa desinformação que pode comprometer a ciência, como exemplo podemos citar o uso errôneo do termo Física Quântica”, explica Silva Júnior.

Já o físico Marcos Vinícius dos Santos Rezende, professor do Departamento de Física da Universidade Federal de Sergipe (UFS), elegeu-se neste ano pela primeira vez secretário estadual da SBF e venceu o seu primeiro projeto: os recursos do Edital da SBF vão colaborar para a realização do Encontro Sergipano de Física (Ensef) em agosto de 2025. O encontro, que é realizado há mais de 20 anos, reúne alunos e professores dos cursos de Licenciatura em Física, Bacharelado em Física, Física Médica e Astrofísica. Há, ainda, curso de Física da UFS em Itabaiana e outro na cidade de Lagarto ofertado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe (IFS) que, junto com estudantes e professores do Ensino Básico, participam do Ensef. O evento é realizado no município de São Cristóvão, na sede da UFS, na grande Aracaju.

“A ideia é trazer pesquisadores de diferentes áreas, seja da área de Ensino, seja a área da Matéria Condensada, que é uma das áreas que a gente tem na pós-graduação, e de Astrofísica. Dentro desse evento, a gente também tem atividades voltadas para os alunos e professores do Ensino Básico. Então, é uma oportunidade de a gente fazer atividades de minicursos, mostras, oficinas, para que alunos do Ensino Médio conheçam o curso de Física, quais as oportunidades, o que a gente anda fazendo na nossa cidade, e também uma forma de fazer com que os professores do Ensino Básico estejam por dentro também do que a gente está fazendo”, diz Rezende, também inventor de uma técnica de produção de pigmentos luminescentes em cerâmicas, área forte de atuação na grande Aracaju.

Com um montante de R$ 301 mil destinados ao financiamento desses projetos, a professora Ana Maria espera que o impacto dessas atividades continue crescendo nos próximos anos. “O objetivo da diretoria não é ser uma agência de fomento, mas, sim, uma promotora de atividades que ampliem a presença da Física em todos os aspectos, desde o ensino básico até a pesquisa universitária”, diz. Segundo ela, o apoio da SBF permite que um maior número de atividades envolvendo a Física ocorram, como escolas de verão, simpósios e outras iniciativas que promovem a interiorização e a disseminação do conhecimento científico.

Para o futuro, a expectativa da SBF é ampliar a participação dos sócios a partir da criação de novas secretarias estaduais e regionais, de forma a consolidar a missão da SBF como promotora da Física por todo o Brasil. “Esperamos que no ano que vem mais membros da Sociedade Brasileira de Física se candidatem a serem representantes dos seus Estados, para que possamos ampliar ainda mais o alcance dessas atividades”, diz a Tesoureira da SBF.

(Colaborou Roger Marzochi)