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Os cortes orçamentários ameaçam eliminar as provas experimentais da Olimpíada Brasileira de Física (OBF) e da Olimpíada Brasileira de Física das Escolas Públicas (OBFEP), cortando uma etapa fundamental para o sucesso da tradicional iniciativa da Sociedade Brasileira de Física.

O valor preliminar aprovado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) para 2018 é de R$ 700 mil, apenas 52% do que foi solicitado pela organização (R$ 1,35 milhão).

Juntas, OBF e OBFEP abarcam cerca de 900 mil alunos do Ensino Médio. Para 2018, por orientação do MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), os projetos foram apresentados conjuntamente, sob a rubrica “Olimpíadas Brasileiras de Física 2018”. Dividindo o valor contemplado pelo CNPq para 2018 entre as duas iniciativas, são R$ 350 mil para cada uma. Isso representa mais uma redução orçamentária significativa, depois de dois anos de cortes pesados. Em 2015, a OBF havia recebido R$ 600 mil; em 2016, R$ 520 mil; e em 2017, R$ 420 mil. Já a OBFEP recebera R$ 600 mil em 2015 e o mesmo valor 2016, seguida por zero em 2017.

O orçamento minguante torna inviável a manutenção da qualidade que se tornou marca das duas iniciativas nos últimos anos, sensibilizado com sucesso os alunos do ensino público e privado para a importância das carreiras em ciência, tecnologia, engenharia e matemática.

Caso a redução seja mantida, será necessário reformular a estrutura das Olimpíadas, em detrimento dos alunos. E a perda tende a ser total nas provas experimentais. “Cada kit experimental tem um custo mínimo de R$ 50, e na terceira fase, só da OBF, são aproximadamente 3 mil estudantes, o que equivale ao custo de R$ 150 mil”, explica Munemasa Machida, coordenador da OBF.

No caso da OBFEP, a situação ainda é mais dramática, pois a segunda fase, que também tem tradicionalmente uma prova experimental, engloba 20 mil estudantes. O orçamento reduzido não permite pensar nem em um kit mais simples para abarcar todos eles. “Resultado: se a situação for mantida, será necessário escolher entre cortar totalmente as provas experimentais ou reduzir o número de participantes. Nenhuma das opções é desejável”, diz José David Mangueira Vianna, coordenador da OBFEP.

“É fundamental que uma prova experimental em física seja aplicada nas olimpíadas”, explica Machida. “O ensino médio brasileiro e os vestibulares não contemplam as práticas experimentais nas escolas. O aprendizado experimental é o que mais fascina os estudantes e os faz compreender de maneira intuitiva as leis da física presentes no cotidiano.”

Além do aspecto educacional, o corte também colocará nossos alunos em desvantagem em competições internacionais, ameaçando o bom desempenho que temos tido em anos recentes. Na recém-concluída Olimpíada Ibero Americana de Física, realizada na Colômbia, a delegação brasileira sagrou-se campeã. Mas sem o treinamento prévio com os kits experimentais nas olimpíadas nacionais, resultados como esse estão ameaçados.

“É uma situação muito difícil”, diz Marcos Pimenta, presidente da Sociedade Brasileira de Física. “Entendemos as dificuldades do país em geral e do CNPq em particular, mas estamos enviando uma carta solicitando que eles reconsiderem essa decisão preliminar e aproximem o máximo possível o orçamento final do valor originalmente solicitado. É o futuro da educação no país que está em jogo em decisões como essa.”

CONTATOS

Marcos Pimenta (presidente da SBF)
mpimenta@fisica.ufmg.br
Munemasa Machida (coordenador da OBF)
machida@ifi.unicamp.br
José David Vianna (coordenador da OBFEP)
jdavid@fis.unb.br
Salvador Nogueira (comunicação da SBF)
imprensa@sbfisica.org.br