Lei é promulgada pelo governo federal quando se comemora os 100 anos de nascimento do cientista que impulsionou a física de partículas no Brasil
O físico César Lattes teve o seu nome incluído no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, que se encontra no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, localizado na Praça dos Três Poderes, em Brasília, Distrito Federal. A ação foi realizada por meio da Lei Nº 14.839, de 10 de abril de 2024, assinada pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. Os autores do projeto de lei foram os ex-deputados federais Milton Coelho (PSB/PE) e Gustavo Fruet (PDT/PR).
Cesare Mansueto Giulio Lattes nasceu em Curitiba, em 11 de julho de 1924, tornando-se um dos mais importantes nomes da ciência ao participar da confirmação da existência do méson-pi, aos 22 anos. Entre 1950 a 1956, ele foi indicado ao Prêmio Nobel sete vezes. Com ascendência italiana, Lattes se mudou para São Paulo aos 19 anos e se formou em Física pela Universidade de São Paulo (USP) em 1943.
Segundo o Arquivo Edgard Leuenroth, da Unicamp, em colaboração com Giuseppe Occhialini e Cecil Powell, Lattes descobriu essa partícula em 1947, quando trabalhava no laboratório H.H. Wills da Universidade de Bristol, dirigida por Powell. Lattes realizou experimentos no Monte Chacaltaya, na Bolívia, a 5,2 mil metros de altura, usando chapas fotográficas para captar raios cósmicos que confirmaram a existência do méson-pi, que havia sido previsto teoricamente em 1935, por Hideki Yukawa.
“Em colaboração com Eugene Gardner, Lattes obteve artificialmente a partícula méson-pi no recém-construído sincro-cíclotron da Universidade da Califórnia, em Berkeley. Lattes quase foi contemplado com o Prêmio Nobel de Física. Retornando ao Brasil em 1949, teve importante papel na catalisação dos esforços que levaram finalmente à criação do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) – atual Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – em 1951”, rememora o texto do arquivo da Unicamp.
Ao voltar ao Brasil em 1949, Lattes foi, ainda, um dos criadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e do CNPq, representando importante impulsionador das pesquisas em raios cósmicos e da física de partículas no País. Apesar de ser visto como herói nacional no fim da década de 1940, seus passos já eram monitorados por órgão de repressão, como revela o pesquisador do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), Alfredo Tolmasquim. Leia o Destaque em Física sobre a influência da Ditadura Civil-Militar no CBPF.