A física moderna apresenta uma fronteira de difícil transposição: por um lado os fenômenos podem ser entendidos de maneira clássica (a que normalmente se atribuem os efeitos de grande escala), por outro, o comportamento físico é descrito de maneira quântica (representativa dos efeitos entre partículas individuais). São dois terrenos bastantes diferentes, que apresentam no entanto uma região de mais fácil transposição: os estados coerentes de partículas são estados quânticos que permitem obter uma transição suave entre a descrição quântica e a descrição clássica do problema em consideração.
Esses estados foram obtidos primeiramente por Schrödinger para o problema do oscilador harmônico, os quais são conhecidos por estados coerentes canônicos ou estados semiclássicos. A relação de incerteza de Heisenberg avaliada nesses estados é minimizada, e o centro da densidade de probabilidade evolui de acordo com as equações clássicas de movimento. Na década de 60, com o advento do laser, foram publicados uma vasta lista de artigos explorando as propriedades e generalizações desses estados, o que permitiu sua aplicação em vários campos da física moderna, inclusive, no contexto de óptica, dando o Prêmio Nobel de 2005 para Roy J. Glauber.
Um novo trabalho, publicado na última edição do BJP (Brazilian Journal of Physics, publicação da Sociedade Brasileira de Física), por Alberto S. Pereira, da Universidade Politécnica de Tomsk, na Rússia, investiga os estados coerentes e semiclássicos de uma partícula carregada sob campos eletromagnéticos.
“A construção e discussão dos estados coerentes para uma partícula carregada sob ação de um campo magnético foi dada por Malkin e Man’ko. Seguindo a proposta de Glauber, definiram os estados coerentes como sendo autoestados de um operador de aniquilação da excitação quântica do problema em consideração”, explica Pereira. “Neste artigo, consideramos os estados coerentes generalizados e os correspondentes estados semiclássicos de uma partícula carregada em campos elétricos e magnéticos paralelos. Mostramos que em função da intensidade desses campos podemos ter ou não estados semiclássicos. Discutimos suas propriedades, tais como relações de incerteza e sua minimização, relação de completeza entre outras. Além disso, mostramos que os estados coerentes generalizados permitem o limite de campo nulo, reproduzindo o resultado já bem conhecido na literatura.”
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