Foto externa do International Iberian Nanotechnology Laboratory.

O professor da UFMG que colaborou para que o Brasil fosse reconhecido internacionalmente na área de nanotecnologia deixará a vice-presidência da SBF para liderar o INL; Andrea Brito Latgé foi escolhida para suceder Jório na SBF.

O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Física (SBF), Ado Jório de Vasconcelos, foi escolhido para ser o diretor-geral adjunto pelos próximos quatro anos do Laboratório Internacional de Nanotecnologia, o International Iberian Nanotechnology Laboratory (INL), sediado em Braga, Portugal. Com essa nova posição, Ado Jório se desligará da diretoria da SBF, em respeito ao estatuto da entidade.

Professor Ado Jório e professora Andrea Latgé.
Professor Ado Jório deixará a vice-presidência da SBF, dando lugar à professora Andrea Latgé.

Andrea Brito Latgé, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), será a nova vice-presidente da SBF. Segundo a ABC, Andrea é uma das principais lideranças científicas na área de física da matéria condensada no Brasil, atuando em pesquisas de nanomateriais de carbono, grafeno, nanofitas de grafeno, transporte eletrônico, spintronics e valleytronics.

Professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Ado Jório foi considerado em 2015 pela editora Thomson Reuters um dos quatro cientistas brasileiros mais influentes do mundo, com uma atuação interdisciplinar entre a física, biologia e a engenharia em pesquisas do mundo extremamente pequeno da nanotecnologia.

O INL lidera pesquisas de ponta na busca de resolver questões associadas aos maiores desafios para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) instituídos pela Organização das Nações Unidas (ONU) como energia sustentável, crescimento global, qualidade na alimentação, entre outras.

“O foco principal, então, é fomentar e desenvolver a nanotecnologia enquanto plataforma de tecnologias para o desenvolvimento da humanidade”, diz Ado Jório, que contribuiu para desenvolver um nanoscópio que colocou o País numa posição privilegiada no mundo, com a capacidade desde desenvolver pesquisas sobre o grafeno a doenças como o Mal de Alzheimer.

“A interdisciplinaridade, que faz parte da minha vida científica, foi um fator para eu ser escolhido para esse posto no INL.  Os problemas são multidisciplinares e as áreas de atuação são diversas. É claro que eu sou físico, nenhum de nós pode ser formado em tudo, a gente tem nossas especialidades, mas a gente pode atuar de forma ampla, em rede, com vários colaboradores”, diz o cientista. “Na minha atuação de pesquisa, eu tenho atuado em proximidade com o pessoal da área de biologia, eu sou coordenador de uma rede de pesquisa em bioengenharia; eu atuo muito com colegas em química, que é uma coisa natural quando você faz nanotecnologia.”

O cargo de diretor-geral adjunto será responsável pela coordenação das pesquisas de cerca de 450 cientistas que integram o INL, entre os quais, o brasileiro Ernesto Fagundes Galvão, professor licenciado da Universidade Federal Fluminense (UFF), que recentemente participou de uma pesquisa inovadora com fotônica quântica.

O instituto, criado em 2005 pelos governos de Portugal e da Espanha que ocupa uma área de 47 mil m2 , hoje tem como diretora-geral a cientista chilena Clivia M. Sotomayor Torres, pesquisadora que venceu o ERC Advanced Grant de 2021, importante prêmio do Conselho Europeu de Pesquisa, por seus estudos pioneiros em eficiência energética em circuitos eletrônicos.

“O INL é um instituto de pesquisa que tem uma vertente muito forte na inovação, em gerar produto, em gerar spin-off, em fomentar empreendedorismo”, explica Ado Jório. “E o meu objetivo será orientar o INL para que possa cumprir sua missão de promover o desenvolvimento da sociedade através da nanotecnologia, no que diz respeito aos ODS e tudo que nos aflige do ponto de vista tecnológico.”

(Colaborou Roger Marzochi)