A história do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), sua produção científica de prestígio internacional e os seus serviços prestados à sociedade, em especial o monitoramento do desmatamento da Amazônia, são alguns dos temas que o diretor do instituto, o físico Ricardo Galvão, esclarece em entrevista concedida nessa segunda-feira, registrada pela equipe do LabI-UFSCar, em parceria com a SBF. Galvão também fala dos planos do INPE de investir mais em missões espaciais científicas, geradoras de novas tecnologias disruptivas, e de manter a liderança da instituição em tecnologias de observação da Terra por satélites, de previsão do tempo e climática.
“O programa nacional de monitoramento do desmatamento da Amazônia começou em 1988 como iniciativa do INPE”, lembra Galvão, citando reportagem da revista Science, publicada domingo passado, em que pesquisadores renomados na comunidade científica internacional reconhecem a liderança da instituição brasileira. As declarações de apoio ao INPE são uma reação à recente acusação do Presidente da República, questionando a veracidade dos dados divulgados pelo instituto.
Enquanto o programa Monitoramento do Desmatamento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (PRODES) quantifica a taxa anual oficial de desmatamento da Amazônia, o programa Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (DETER) tem a função de indicar as áreas em que o desmatamento está ocorrendo o mais rápido possível, de modo a auxiliar as ações do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Os dados de ambos programas estão disponíveis livremente na internet pela plataforma Terra Brasilis. Até agosto do ano passado, o INPE mantinha um acordo com o MMA de divulgar os dados ao ministério com cinco dias de antecedência, para que seus órgãos de fiscalização pudessem atuar sem conhecimento dos desmatadores, mas o acordo não foi renovado.
“Desde 2004, os alertas do DETER foram usados pelo ministério para realizar uma redução drástica do desmatamento”, diz Galvão. “Em um relatório que o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) nos pediu e enviamos quinta-feira passada, mostramos a relação que existe entre os alertas do DETER e a consolidação da área desmatada mostrada posteriormente pelo PRODES. Todo dado científico é contestável. Críticas são inteiramente aceitáveis e é a razão do INPE tornar esses dados públicos e a nossa metodologia aberta. Há mais de mil artigos científicos internacionais que citam nossos dados e os utilizam para outros desenvolvimentos.”