Nesta semana que antecede o dia das mães, a comissão JEDI gostaria de lembrar a toda comunidade da física que, segundo dados do IBGE, as mulheres gastam, em média, 21,3 horas semanais com tarefas domésticas e cuidados de parentes enquanto os homens só empenham 10,9 horas nesse tipo de trabalho invisível e não remunerado.
Ainda que a academia esteja imersa no banho térmico desta sociedade tão desigual, é fundamental pensarmos medidas específicas em busca de equidade de gênero na ciência. Em particular, estudos recentes têm mostrado uma queda na produção científica e uma lentidão na ascensão na carreira de cientistas que se tornaram mães. No sentido de diminuir os impactos da maternidade na carreira científica das mulheres, dois avanços recentes relacionados à maternidade e estimulados por campanhas do movimento Parent in Science devem ser comemorados e amplamente divulgados: maternidade na sucupira e espaço infantil em eventos científicos.
O primeiro deles foi a criação do espaço para informar sobre licença maternidade na plataforma sucupira da CAPES. Esta medida visa garantir que os programas de pós-graduação não sejam penalizados na avaliação quadrienal e que, principalmente, não penalizem discentes e docentes do programa que tenham filhos. Parece óbvio, mas este campo é necessário para que fique claro que as discentes que tiveram filhos têm direito a 4 meses a mais para a conclusão do mestrado ou doutorado. Além disso, a partir desta informação, cada comitê de área poderá permitir que o programa da pós-graduação decida incluir ou não (dependendo do que for melhor para o programa) a produção científica das docentes que estiveram de licença maternidade naquele período. Isto contribui para que as mães docentes não sejam descredenciadas dos programas quando ocorrer uma diminuição na sua produção científica após o nascimento do filho.
A segunda conquista ocorreu no mês passado quando a CAPES lançou o edital para apoiar eventos no país (PAEP) incluindo a possibilidade de financiamento de brinquedoteca para crianças durante estes eventos. O oferecimento de espaço infantil / recreação nestes ambientes é uma demanda real e urgente para que mães possam participar desses eventos. Nessa mesma linha, no início desse ano, a Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisa (FAPESPA) foi pioneira nesse sentido e destinou até 5 mil reais para projetos que incluíssem espaço infantil. Esperamos que todas as outras agências de fomento sigam esses exemplos e que a recreação / espaço infantil passe a ser parte de todo evento científico.
Seguimos na luta por outras formas de amenizar os impactos gerados pela maternidade na carreira das cientistas. E desejamos que todas as mães sejam amparadas por mais soluções coletivas e menos soluções individuais para as questões ligadas à maternidade.