A ciência deveria começar a ser introduzida em plena infância, ser atiçada nos bancos das escolas e tomar força e volume nas universidades e centros de pesquisa, o que parece não ter espaço em nossa realidade. A atual gestão do Ministério da Educação e Cultura (MEC) não cumpre o papel de defesa das escolas, das Universidades e da ciência, sendo, ao contrário, seu maior opositor. Esta gestão do MEC não é somente conivente com os cortes em educação e ciência, mas está em cruzada permanente para censurar o que se ensina e desacreditar quem mais produz ciência, a universidade pública.
Os problemas e a desvalorização da ciência no Brasil não se limitam à atual gestão do MEC, a crise transpira na Saúde, Relações Exteriores, Direitos Humanos, Meio Ambiente e até na atual gestão do Ministério de Ciência Tecnologia Inovação e Comunicação (MCTIC) através de políticas públicas implantadas nas agências deste ministério que desvalorizam áreas de Ciência Básica, inclusive a Física, e de Ciências Sociais, criando uma falsa priorização das áreas tecnológicas ou aplicadas[1]. Estamos evidenciando na crise o quanto dependemos do conhecimento básico e das ciências sociais para produzir as estratégias aplicadas de sobrevivência. Tentar desenvolver tecnologia sem uma boa formação em ciências básicas é como tentar escrever um livro sem ser alfabetizado.
Este quadro de descaso ao denvolvimento científico colocou o Brasil em uma situação de atraso no combate à covid-19. O negacionismo em relação aos dados praticado pelo atual governo federal, a defesa de um medicamento testado e comprovado como ineficaz[2] e a ausência de uma política federal de testagem e de confinamento potencializou o alastramento da doença que poderia ter sido minimizado.
Este mesmo negacionismo praticado pelo atual governo federal, agora usa estratégias medievais. Mobiliza o ministério público (MP) para perseguir cientistas da Fiocruz que mostraram que o medicamento prescrito pelo governo tem graves efeitos colaterais. Igualmente leva a polícia[3] a prender os pesquisadores do estudo nacional de testagem da covid-19 coordenado pela UFPel. Este atraso tem igualmente impactos internacionais. Fez com que o Brasil se ausentasse de acordos fundamentais para que nossa população possa ser atendida por uma potencial vacina.
A SBF alerta para a urgência de revertemos este quadro, promovendo nas instâncias políticas as decisões baseadas em evidências, pois o uso de conhecimento científico pode salvar o Brasil.
Conselho e a Diretoria da SBF
[1] http://www.mctic.gov.br/