Embora a questão da mudança climática causada pela ação humana seja tida como incontroversa entre climatologistas, ainda há muitos efeitos físicos que se investigar para que tenhamos um entendimento mais completo do vasto sistema que interliga atmosfera, oceanos, massas de terra, biosfera e radiação solar e cósmica.

Nesse contexto, um novo trabalho publicado por um grupo internacional com participação brasileira faz um recorte importante desse sistema, ao investigar o impacto do desmatamento — tema caro ao Brasil em particular — sobre a mudança climática.

Ao investigar uma gama de processos que ligam uma coisa a outra, como as mudanças que o desmate causa sobre a troca atmosférica de CO2 e de umidade, a mudança do albedo da superfície da Terra, o papel da vegetação na criação de aerosóis, entre outros, os pesquisadores concluíram que um desmatamento global poderia elevar em até 0,8 grau Celsius a temperatura do planeta em 100 anos.

“Nosso trabalho fez um cálculo de modelamento, baseado em medidas que fizemos na Amazônia, sobre qual seria o efeito do desmatamento de todas as florestas do nosso planeta na temperatura global”, explica Paulo Artaxo, pesquisador do Instituto de Física da Universidade de São Paulo.

“As florestas hoje realizam um forte serviço ambiental, através da emissão de compostos orgânicos voláteis que produzem partículas que resfriam o nosso planeta. Então as florestas hoje têm um papel de resfriamento do clima do nosso planeta”, prossegue. “Se nós trocarmos a floresta, por, por exemplo, áreas de pastagem, esses compostos orgânicos voláteis deixarão de ser emitidos e, com isso, o que nós teremos é um aquecimento relativamente rápido do nosso planeta, equivalente ao lançamento de mais CO2 na atmosfera.”

O trabalho foi publicado em 11 de janeiro na revista “Nature Communications”.

Para ler o artigo completo, clique aqui.