Trabalho realizado em colaboração entre cientistas no Brasil, na Suíça e na Itália ajuda a compreender um dos mais fascinantes e relevantes fenômenos ocorrendo no sol: as erupções solares.
Sabe-se que elas são produto da recombinação de tubos de fluxo magnético que se formam no plasma da fotosfera solar – a camada mais externa da superfície do Sol. Mas prever quando e como esses eventos acontecem é ainda um desafio.
“As distribuições de energia desses eventos e o tempo entre eles seguem padrões complexos que foram cuidadosamente considerados no passado e lembram de certo modo terremotos e movimentos em mercados de ações”, destacam no artigo José Soares Andrade Jr. e Hans J. Herrmann, do Departamento de Física da Universidade Federal do Ceará, co-autores do trabalho feito em parceria com M. Mendoza e A. Kaydul, da ETH Zurique, na Suíça, e L. de Arcangelis, da Universidade Segunda de Nápoles, na Itália.
Apesar dessa perspectiva inicialmente desanimadora (mercados têm flutuações estocásticas e terremotos continuam sendo imprevisíveis), os pesquisadores resolveram modelar o processo de acúmulo e liberação de energia nas erupções em analogia com um sistema em criticalidade auto-organizada (SOC).
Com isso, eles sugerem a origem de duas características importantes das erupções solares. Primeiro, eles mostram que a distribuição de energia desses eventos pode ser compreendida através de torções induzidas pela vorticidade da fotosfera turbulenta. Em segundo lugar, eles mostram que as correlações entre o tempo de espera até a próxima erupção e a energia associada seriam devidas a interações entre os tubos de fluxo magnético mencionados acima. Os resultados obtidos são consistentes com dados observacionais.
Em particular, resulta do modelo que quanto menor o intervalo de tempo entre duas erupções, mais provável que a segunda explosão seja mais forte que a primeira. Os pesquisadores esperam que o trabalho ajude na previsão desses fenômenos. Afinal, erupções solares podem causar danos a satélites e afetar redes elétricas na Terra.
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