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A Pirâmide de Gizé é uma das sete maravilhas do mundo antigo. Há muito tempo as minúcias de sua construção intrigam historiadores e arqueólogos. O historiador grego Heródoto entrou em detalhes, supostamente registrando o número de trabalhadores e o tempo envolvido na obra. Mas será que ele foi preciso em seu relato?

Munido exclusivamente da física elementar, um pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro acaba de publicar um artigo mostrando que é possível testar de maneira simples a estimativa de Heródoto – um trabalho que também incorpora importante valor didático.

Os cálculos, que envolvem apenas os conceitos de trabalho, energia gravitacional e o consumo calórico dos trabalhadores, mereceram destaque como capa da revista “Physics Education” de setembro.

“Para estimar o trabalho executado para construir a Grande Pirâmide, adotamos o ponto de vista mais simples que pudemos imaginar; computamos o trabalho mecânico executado por um agente externo que, após a conclusão, permanecerá armazenado na forma de energia potencial gravitacional da pirâmide com respeito àTerra”, escreve Alexandre Tort em seu artigo.

Segundo Heródoto, a obra teria tomado 100 mil trabalhadores durante 20 anos. Se você calcular em anos-trabalhador, são 2 milhões de anos-trabalhador.

Partindo do tamanho da pirâmide e desconsiderando o trabalho envolvido no transporte das pedras – ou seja, computando apenas o trabalho mínimo envolvido —  Tort chega a um número menor, 11 mil anos-trabalhador. Esse, é claro, é um valor mínimo. “Nosso ponto de vista é similar ao de uma criança que está montando um kit Lego com todas as peças já espalhadas perto dele no chão”, escreveu.

Ainda assim, o valor estimado sugere que Heródoto exagerou um bocado – por um fator de 100 – suas estimativas. No artigo, Tort aponta que seu resultado é comparável a outros cálculos modernos da quantidade de trabalho envolvida. Illig e Löhner, por exemplo, concluíram que foram precisos 6.700 trabalhadores e 10 anos (o equivalente a 67 mil anos-trabalhador) para construir a Grande Pirâmide. Como eles incluem o trabalho de transporte das pedras, a estimativa  de Tort  é compatível com esta.

Para ler o artigo, clique aqui (resumo de acesso livre, texto completo para assinantes).