Há vários séculos sabemos que o Sol passa por misteriosos períodos alternados de aumento e redução de atividade, acompanhados pela inversão de seus polos magnéticos, a cada 11 anos.
Agora, um grupo internacional de pesquisadores com participação brasileira parece ter descoberto por quê.
Por meio de uma simulação rodada em supercomputador, o grupo liderado por Antoine Strugarek, da Universidade de Montreal, no Canadá, “recriou” o Sol em laboratório, e confrontou o modelo com dados observacionais e com padrões vistos em outras estrelas.
“Nós mostramos que o que acontece é um processo não-linear”, diz José Dias do Nascimento Jr., co-autor do estudo e pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Natal.
As simulações mostraram que há um atrelamento entre o período do ciclo magnético e a influência da rotação da estrela nos processos de convecção internos. Convecção é o movimento que acontece em materiais fluidos por conta do calor. O exemplo clássico é o ar quente que sobe e o ar frio que desce, na atmosfera. No caso em questão, contudo, estamos falando de movimentos internos do plasma solar. E o campo magnético das estrelas é gerado justamente em suas camadas convectivas turbulentas.
A simulação não só mostrou com essas inversões periódicas dos polos magnéticos podem acontecer, como também atrelou claramente o período a um parâmetro conhecido como número de Rossby, que quantifica a influência da rotação na convecção turbulenta.
O artigo, publicado em 14 de julho no periódico “Science”, também confirma que o padrão de comportamento do Sol se alinha ao de outras estrelas similares a ele, algo que estava sendo colocado em questão em anos recentes.
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