A Academia Real de Ciências da Suécia decidiu conceder o Prêmio Nobel em Física deste ano a Rainer Weiss, Kip Thorne e Barry Barish, por suas contribuições no esforço que culminou com a primeira detecção direta de ondas gravitacionais, feita em 14 de setembro de 2015.
O resultado revolucionário foi obtido pelo LIGO, o Laser Interferometer Gravitational-wave Observatory, um projeto com liderança americana que envolveu US$ 1,1 bilhão e mobilizou mais de mil cientistas espalhados por cerca de 100 instituições em 18 países, inclusive o Brasil.
Rainer Weiss, o físico do MIT (Instituto de Tecnologia de Masssachusetts) que primeiro sugeriu a viabilidade do LIGO, em artigo publicado em 1972, levou metade do prêmio. A outra metade foi dividida entre Kip Thorne, um dos mais antigos e obstinados pesquisadores teóricos de ondas gravitacionais, que imediatamente viu o valor da proposta de Weiss nos anos 1970, e Barry Barish, o pesquisador que assumiu a liderança do LIGO em 1994 e levou o projeto até sua conclusão. Ambos são do Caltech, o Instituto de Tecnologia da Califórnia.
Até o momento, o LIGO já fez quatro detecções confirmadas de ondas gravitacionais, todas envolvendo colisões de buracos negros. Além de confirmar uma antiga predição da teoria da relatividade geral de Einstein, a detecção de ondas gravitacionais abre uma nova janela de observação para objetos astrofísicos que são difíceis de investigar por meio de emissões eletromagnéticas, como buracos negros binários.
“Este é um prêmio bem merecido para Raine Weiss, Kip Thorne e Barry Barish, e um reconhecimento histórico para a área e para o trabalho árduo de todos os envolvidos nela”, diz Odylio Aguiar, pesquisador do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e membro da Colaboração LIGO. “Com o seu anúncio, fica claro que a comunidade científica reconhece como inaugurada a astronomia de ondas gravitacionais. Falta agora a ação das fontes de financiamento científico brasileiro (CNPq, CAPES e FAPEs) para criarem essa nova subárea de pesquisa nos formulários de pedidos de apoio.”
Para Aguiar, que já atua há décadas na área, o momento é oportuno para lembrar também muitos dos envolvidos na pesquisa de ondas gravitacionais ao longo das últimas décadas, a maioria dos quais não viveu o suficiente para ver esse momento de coroação de suas pesquisas. Ele compartilha uma carta que recebeu de Kip Thorne em 1982, em que ele menciona diversos desses pioneiros. Dentre os nomes citados estão Joseph Weber (morto em 2000), Grishchuk, Zel’dovich e Braginsky (mortos em 2016), Ronald Drever e H. Billing (mortos em 2017). (Clique aqui para ler a carta em PDF).
Para celebrar a conquista de centenas de pesquisadores que culminaram com o Nobel em Física de 2017, a SBF promove nesta sexta-feira (6) um webinar sobre a detecção de ondas gravitacionais e suas implicações, ministrado por Riccardo Sturani, membro da Colaboração LIGO e pesquisador do IIP/Natal e do ICTP-SAIFR/São Paulo. Acontecerá às 12h e poderá ser acompanhado no aplicativo Zoom, com audiência limite de 100 pessoas, e no canal da SBF no YouTube.
Para ler o material técnico divulgado pelo Comitê do Prêmio Nobel (em inglês), clique aqui.