Quatro alunos do ensino médio e um professor orientador, posando com a bandeira do Brasil durante a EuPhO 2024.
Da esquerda para a direita, Bruno M. Feltran, Lucas P. Oliveira, Arthur G. Gurjão, Gustavo M. França e Alexandre A. Almeida.

Participantes do time do Brasil na EuPhO 2024, realizado na República da Geórgia em julho, relatam o motivo que os levaram a competir.

A vontade de descobrir como a natureza opera e a aptidão para a matemática são dois temas que levaram estudantes a participar de olimpíadas de física. E a equipe da Olimpíada Brasileira de Física (OBF) vem demonstrando excelentes resultados ano a ano. A última grande participação da equipe em um evento internacional, por exemplo, foi na EuPhO (European Physics Olympiad), realizada em sua 8ª edição do evento, que ocorreu de 15 a 16 de junho de 2024, na cidade de Kutaisi, na República da Geórgia.

Os brasileiros que participaram do evento, que contou com 256 participantes de 55 países, trouxeram medalhas para o País. Os premiados, por ordem de classificação no evento, foram: Bruno Machado Feltran, do Colégio Etapa (SP) e Alexandre Andrade de Almeida, do Colégio Objetivo (SP), que conquistaram medalhas de prata. As medalhas de bronze foram conquistadas por Gustavo Mesquita França, do Colégio Farias de Brito (CE), Arthur Gomes Gurjão, do Colégio Ari de Sá (CE) e Lucas Praça Oliveira, do Colégio Farias de Brito (CE). A equipe brasileira foi liderada pelo Prof. Ricardo Andreas Sauerwein, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e contou com o apoio do Banco BTG Pactual.

E como tudo começou? “O meu interesse pela área de física começou no quinto do Ensino Fundamental, quando entrei no Objetivo. Havia um cartaz sobre a Olímpiada Paulista de Física Júnior (OPFjr) e as aulas preparatórias que seriam dadas, ingressei por curiosidade e participei da Olimpíada, conseguindo uma das minhas primeiras medalhas de ouro, depois, comecei a participar de outras olimpíadas científicas de ciências”, conta Alexandre Andrade de Almeida, 17 anos, que está matriculado com bolsa integral na 3ª série do Ensino Médio do Colégio Objetivo Integrado, na capital do Estado de São Paulo.

E, depois disso, ele entrou para a Olimpíada Brasileira de Física (OBF) no 8º ano do Ensino Fundamental. Ele conta que “com as aulas preparatórias do Objetivo consegui medalha de prata, depois, no 9º,1º e 2º eu consegui medalha de ouro na OBF”. A EuPhO/2024 foi a sua 5ª disputa internacional, que envolve também competições em diversas áreas do conhecimento.

“A minha primeira disputa foi a IJSO (International Junior Science Olimpiad) no 1º ano do Ensino Médio. A IJSO cobra conhecimentos das áreas de física, química e biologia. Acabei sendo prata. Minha 2ª disputa foi a Olimpíada Ibero-Americana de Biologia (OIAB), em setembro de 2023 onde eu fui 2º colocado no ranking geral e acabei ganhando ouro, sendo que estava no 2º ano competindo com alunos do 3º ano. Minha terceira disputa ocorreu um mês após a OIAB, a OIbf, Olimpíada Ibero-Americana de física, onde eu era o único aluno de 2º ano do time brasil e acabei novamente conquistando medalha de ouro. Minha quarta disputa e a maior olimpíada que eu participei foi a IBO (International Biology Olimpiad) onde participaram mais de 300 alunos de 80 países, onde fui o melhor do time Brasil com uma medalha de prata na 65ª colocação”, enumera o aluno. Na EuPhO/2024 ele foi o melhor do time Brasil e conquistou a 48ª colocação entre os 256 participantes.

Para Almeida, que pretende disputar uma vaga em Medicina na Universidade, a olimpíada serve como forma de testar seu conhecimento, aprender com os problemas e ampliar as suas capacidades. “Com as internacionais, também acrescento o famoso intercâmbio cultural, aprendemos muito com as outras culturas e trocamos presentes, bugigangas e moedas”, diz ele, que prefere xadrez a videogame. “Pretendo estudar Medicina, pois é uma profissão que envolve física, química e biologia, matérias que eu gosto.”

Já Arthur G. Gurjão, 17 anos, teve inspiração na família para iniciar sua vida na ciência. “Acredito que esse interesse venha de sangue, mesmo que interesses não sejam hereditários. Meu pai era professor de física quando era mais novo e sempre me dizia que era sua matéria favorita no colégio. Ele sempre me incentivou a estudar exatas e eu comecei com uma aptidão para matemática, que foi meu primeiro contato com as exatas. Mais tarde, conheci a física e entendi o favoritismo do meu pai, pois era a combinação da matemática que eu já gostava com aplicações no dia a dia. Aqueles números abstratos se tornaram palpáveis e isso me encantou”, diz o aluno bolsista do 3° ano do Ensino Médio do Colégio Ari de Sá, de Fortaleza. Ele conseguiu s classificar para a EuPhO em 1° lugar neste ano. “Essa foi uma das maiores conquistas da minha vida.”

Gurjão pretende cursar Física no terceiro grau. “Eu gostaria de cursar física. Mesmo depois de anos estudando física ter consciência que eu ainda não sei praticamente nada do que já se foi descoberto me dá um fervor de aprender mais e contribuir para essa ciência descobrindo ainda mais coisas. Mais pra frente quero fazer bioquímica quântica para o desenvolvimento de remédio e tratamentos contra doenças, para que eu possa impactar e melhorar a saúde de quem precise”, diz ele, cujo hobby predileto é tocar violão. “Eu adoro música e adoro transmitir os sentimentos que eu escuto as ouvindo pelos acordes do meu violão. Sim, eu sou o cara chato que toca Charlie Brown Jr nas festas!”

Já a curiosidade motivou outro aluno a participar da OBF. “O que despertou o meu interesse na ciência foi a matemática e minha curiosidade em descobrir como as coisas ao nosso redor funcionam”, diz Gustavo Mesquita França, estudante do 3º ano do Ensino Médio, com bolsa, no Colégio Farias Brito, em Fortaleza (CE), te iniciou as disputas de física pela OBF. A EuPhO foi a sua terceira competição internacional, depois da Olimpíada da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (OMCPLP) e da Olimpíada Latino-Americana de Astronomia e Astronáutica (OLAA). “Fui bronze (na EuPhO/2024) e foi uma experiência muito legal e enriquecedora”, diz o aluno, que acha divertido participar de competições nacionais e internacionais de física e ainda não se definir sobre que caminho seguir no Ensino Superior. De qualquer forma, a experiência de todos esses jovens é um incentivo para que o gosto pela ciência se amplie na sociedade brasileira, colaborando para necessários avanços e descobertas frente aos desafios.

(Colaborou Roger Marzochi)