Na direção do ECT*, na Itália, Ubirajara Van Kolck espera elevar o financiamento da instituição e fortalecer o intercâmbio com pesquisadores brasileiros.
O físico brasileiro Ubirajara Van Kolck será o novo diretor do European Center for Theoretical Studies in Nuclear Physics and Related Areas (ECT*) pelos próximos três anos. A entidade, que integra a Fundação Bruno Kessler, localiza-se em Trento, na Itália, e promove intercâmbio entre pesquisadores com workshops sobre as novas direções da física nuclear, com ênfase na parte teórica, mas também a conexão com a física nuclear experimental e outras áreas relacionadas da física.
Sob sua direção, a expectativa é ampliar o financiamento da instituição, hoje bancada com recursos da Província de Trento e de países europeus. E também promover maior intercâmbio com a América Latina, especialmente o Brasil. “Nesse esforço de aumentar a participação das pessoas no ECT*, um dos aspectos que eu gostaria de explorar é, de fato, aumentar a participação dos países da América Latina, em particular o Brasil, porque a pesquisa no País é ainda a mais forte do Continente”, afirma Ubirajara, em entrevista ao Boletim SBF. O ECT* conta ainda com cinco cientistas permanentes e três coordenadoras administrativas.
Ubirajara, que hoje divide o seu tempo enquanto professor da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, e diretor de pesquisa do French National Centre for Scientific Research (CNRS), na França, deve ocupar formalmente a liderança na ECT* em agosto por um período de três anos, com possibilidade de prorrogação por mais três anos.
Nascido em São Paulo, ele tem ascendência italiana e holandesa e quase seguiu a profissão dos pais: psicólogos e professores universitários. Porém, pelo fato de ter alta aptidão para as ciências exatas, Ubirajara acabou seguindo o caminho da Física. “Eu cheguei a cogitar Psicologia por algum tempo, mas a minha habilidade é muito maior com as Ciências Exatas. E, dentro das Ciências Exatas, a minha preocupação era existencial: como explicar o Universo? Então, a Física foi o caminho natural.”
Bira, como é mais conhecido pelos amigos, formou-se em Física na Universidade de São Paulo (USP) em 1984 e fez mestrado no então Instituto de Física Teórica, hoje absorvido pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Em 1987, no fim do mestrado, Bira foi morar nos Estados Unidos e fez o seu doutorado na Universidade do Texas, no Arizona, nos Estados Unidos, em 1993.
O cientista se especializou em Teoria Efetiva de Campos, o arcabouço teórico que combina a mecânica quântica e a relatividade restrita de Einstein na descrição de sistemas físicos. “Eu aplico a Teoria Efetiva de Campos para energias correspondentes à física nuclear”, explica. Hoje membro da Academia Europeia de Ciências, entre seus diversos prêmios, destaca-se o Herman Feshbach Prize in Theoretical Nuclear Physics, concedido a Bira pela American Physical Society, no Estados Unidos, em 2020.
(Colaborou Roger Marzochi)