“Deus não joga dados com o Universo.” Esta frase é do físico alemão Albert Einstein ao criticar, em carta de 1926, a teoria da mecânica quântica, que ele contribuiu para criar, mas cuja evolução trouxe para a Física o desafio da imprevisibilidade e da incerteza, que se choca com a teoria clássica que sugere uma razão superior da natureza.
Nesta, a trajetória de um planeta, a gravidade, são grandezas previsíveis; naquela, qualquer tentativa de medir um elemento infinitamente pequeno influi no resultado do experimento, obrigando a trabalhar num grande universo de probabilidades. As leis do universo muito grande, não são as mesmas do muito, muito pequeno. Diversas cartas críticas foram trocadas entre Einstein e cientistas, algumas delas hoje sendo leiloadas por milhares de dólares, também questionavam o chamado “entrelaçamento quântico”, fenômeno quase “mágico” pelo qual uma partícula muito pequena é influenciada por outra mesmo que esteja a anos-luz de distância.
Para discutir os debates que se seguiram ao longo do século passado sobre a física quântica e esse fenômeno que continua ainda um mistério, Yasser Omar, presidente e coordenador científico do Instituto Superior Técnico da Portuguese Quantum Institute (PQI), de Lisboa, realizará a palestra “Do desassossego de Einstein ao prêmio Nobel da Física de 2022” para estudantes do ensino médio, na quinta-feira, dia 20 de abril, às 11h no Horário de Brasília. A atividade pode ser acompanhada por alunos brasileiros por meio da plataforma Zoom, sendo que a inscrição deve ser feita até o dia 18 de abril, na terça-feira.
“Em 1935, Einstein e outros colegas criticam a teoria quântica, desenvolvida poucos anos antes. Em particular questionam o entrelaçamento quântico: o efeito aparentemente mágico onde a observação de uma partícula pode afetar de forma instantânea o resultado da observação de uma outra partícula, mesmo a grandes distâncias. Foi o início de um longo debate, que durou décadas, e que só começou a ser resolvido com experiências pioneiras realizadas nos anos 70, 80, e 90 dos séc. XX, agora laureadas com o prêmio Nobel da Física”, explica Omar, no site do PQI. No ano passado, os vencedores do Nobel de Física foram o francês Alain Aspect, o americano John F. Clauser e o austríaco Anton Zeilinger, que realizaram experimentos inovadores com o conceito de entrelaçamento quântico.
A atividade faz parte da 2ª Edição do Quantum@School em Português, para celebrar o Dia Mundial Quântico, comemorado no dia 14 de abril, iniciativa que também recebe o apoio da Rede de Escolas Quânticas (RDE), que une professores de escolas primárias (Ensino Fundamental) e secundárias (Ensino Médio) de países lusófonos com interesse no ensino de Ciências. Entre as escolas, fazem parte da RDE no Brasil, por exemplo, professores do Instituto Federal de Santa Catarina e Centro de Ensino e Desenvolvimento Agrário Florestal, de Minas Gerais. No ano passado, o evento contou com a participação online ou presencial de 900 alunos de escolas de Angola, Brasil, Portugal e São Tomé e Príncipe.
“Nesta palestra dirigida ao público em geral, irei explicar de forma não técnica estas descobertas científicas. E também como o entrelaçamento quântico, apesar de permanecer misterioso, se tornou um recurso para o desenvolvimento das Tecnologias Quânticas da Informação, nomeadamente a computação quântica, a internet quântica, e a metrologia quântica, cujo desenvolvimento atrai hoje o investimento de milhares de milhões de euros, tanto do setor privado como do setor público, e que poderá vir a revolucionar a sociedade da informação em que vivemos”, explica Omar.
Serviço
Quantum@School em Português
Data: Quinta-feira, 20 de Abril de 2023
Hora: 11h00 de Brasília
Local: Online (no Zoom), e presencial (sujeito a confirmação, às 14h no horário de Portugal) na Sala 1 da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal
Inscrições: até o dia 18 de abril no link https://pqi.pt/pt/quantum-at-school-inscricao-escolas-2023
Site do evento: https://pqi.pt/pt/quantum-at-school-em-portugues-2023
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Twitter: @QuantumPortugal