2ª Conferência de Física da Comunidade de Países de Língua Portuguesa
Preâmbulo
A 1ª Conferência de Física da Comunidade de Países de Língua Portuguesa, CF-CPLP, foi realizada em Maputo, capital da República de Moçambique, entre 12 e 16 de setembro de 2010 - http://fcplp.ist.utl.pt/. A escolha de Maputo foi emblemática, por ser exemplo de um frutífero cruzamento de civilizações e culturas, com uma dominância das culturas bantu e portuguesa, mas também com influências árabes, indianas e chinesas.
O tema dessa primeira conferência foi o papel da física e das suas aplicações na educação e no desenvolvimento nos países de língua portuguesa. A conferência foi conduzida com um fórum, organizado em sessões plenárias convidadas, sessões orais e cartazes, permitindo a cientistas, professores e industriais discutir em conjunto seus trabalhos e as tendências atuais em áreas de grande interesse para o desenvolvimento científico, econômico e humano-social da CPLP. O encontro reuniu a cada sessão cerca de 50 pessoas na Universidade Eduardo Mondlane.
Durante a conferência, a Sociedade Brasileira de Física comprometeu-se a realizar a segunda conferência no Brasil, aproveitando a celebração do Ano de Portugal no Brasil, evento oficial que se inicia em 7 de setembro de 2012 - http://anodeportugalnobrasil.pt/.
Nessa segunda conferência será dada prioridade a quatro eixos temáticos, nos quais já existe um histórico de colaborações exitosas entre os países da CPLP, com o objetivo de estabelecer novas colaborações e fortalecer as já existentes, nomeadamente a) Física Nuclear e de Partículas Elementares, b) Física de Plasmas, c) Física da Matéria Condensada e Nanotecnologia e d) Educação e Atividades de Extensão em Física.
Os principais responsáveis pela organização local da conferência são os professores Ricardo Galvão (Universidade de São Paulo), representando a Sociedade Brasileira de Física, e Horácio Fernandes (Instituto Superior Técnico), representando a Sociedade Portuguesa de Física.
A Comunidade de Países de Língua Portuguesa e o Desenvolvimento Técnico-Científico
A CPLP, oficialmente criada em 17 de Julho de 1996, inclui oito Estados: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Esses Estados estão localizados em quatro continentes e compartilham a língua portuguesa, perfazendo um total de cerca de 250 milhões de habitantes. A sua distribuição geográfica está concentrada no plano equatorial (com a exceção de Portugal, mais a Norte). Apesar de as diferenças naturais, persiste uma unidade cultural proporcionada pela língua que inspirou toda uma plêiade de escritores, poetas e pensadores de projeção universal. É importante referir ainda que todos os países da CPLP dispõem de recursos minerais notáveis e o acesso a dois grandes oceanos, Atlântico e Índico, proporciona-lhes abundantes recursos naturais, em particular para a indústria petrolífera e de gás natural, com disponibilidade de fontes petrolíferas da melhor qualidade.
Cada um dos países membros da CPLP é caracterizado por pontos de excelência científica e técnica que interessa dar a conhecer. Esta conferência é uma plataforma propícia para a partilha de conhecimento entre países, uns com algumas áreas de excelência, com outros em que ainda elas necessitam ser ampliadas, num esforço de desenvolvimento comum. Por exemplo, alguns dos pontos fortes do Brasil estão nas áreas da tecnologia da informação, ciências do espaço, aeronáutica, prospecção petrolífera, agropecuária, física e astronomia; Portugal, na área da biomedicina, nanotecnologias, energias alternativas, física e astronomia; Moçambique, em oceanografia, meteorologia, biologia marinha; Cabo Verde, nas ciências da terra, oceanografia, biologia marinha, vulcanologia, ciências da saúde; Angola, na geologia e minas, indústria petrolífera e diamantífera, energia; Guiné-Bissau, investigação científica marinha; São Tomé e Principe, indústria petrolífera e de gás natural, pesca, sendo também de referir que é um dos países africanos mais ricos em biodiversidade e com mais espécies endêmicas de aves; Timor Leste, com recursos naturais em minérios, depósitos de ouro, cobre e ferro, petróleo e gás natural.
A produção científica apresentou um grande crescimento em alguns países da CPLP nos últimos dez anos. Entretanto, esse sucesso ainda não foi acompanhado por um crescimento adequado na área de inovação tecnológica com ciência agregada. Vários de nossos países estão ficando seriamente defasados em face de um cenário mundial onde as novas tecnologias estão desempenhando o papel central no desenvolvimento das economias ditas emergentes. Por isso, há um renovado esforço em estimular o chamado desenvolvimento tecnológico acionado pela ciência, baseado em maior interação entre o meio acadêmico e o industrial e no incremento de laboratórios de pesquisa em empresas tecnológicas avançadas. Um exemplo paradigmático dessa política foi o notável avanço da agroindústria brasileira, nas duas últimas décadas, devido a processos inovadores criados nos laboratórios de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.
Dentro desse contexto, a Física tem-se constituído em uma das áreas mais fortes da pesquisa científica nos países da CPLP e, por sua excelência, um dos campos mais férteis para o desenvolvimento de inovação tecnológica com base científica. Na realidade, muitas iniciativas nessa direção têm sido implantadas em diferentes países, incluindo as chamadas “incubadoras”, que obtiveram sucesso no desenvolvimento de novos produtos a partir de resultados de pesquisas realizadas em seus laboratórios. Por isso a CF-CPLP é uma iniciativa extremamente promissora, permitindo a troca de informação e experiência entre países com semelhantes necessidades, em uma das áreas mais importantes para a promoção do progresso de suas sociedades.
Temática
Nesta ocasião será dada prioridade a temas em que existam colaborações exitosas mais recentes entre países da CPLP, como mencionado no preâmbulo, mas que também ofereçam perspectivas promissoras de aplicações em inovação. De fato, somente nos últimos dez há mais de 1000 artigos científicos publicados em que aparecem conjuntamente autores de países de língua portuguesa. No entanto, a prioridade nesses temas não exclui contribuições em outros que ofereçam possibilidade de estabelecer de novas colaborações. Os temas prioritários são:
a) Física Nuclear e de Partículas
b) Física de Plasmas e Fusão Nuclear
c) Física da Matéria Condensada e Nanotecnologia
d) Educação e Atividades de Extensão em Física
O último tema, em particular, receberá atenção especial, devido a um crescente desinteresse de novas gerações pela educação em ciências exatas e pela grande deficiência de professores devidamente capacitados em Física, em vários países.
Apoio Financeiro
A Sociedade Brasileira de Física estará solicitando às agências de fomento brasileiras apoio financeiro para realização do evento, incluindo pagamento de despesas de palestrantes convidados. No entanto, recomenda que pesquisadores interessados em participar do evento procurem obter apoio financeiro em seus próprios países.